A ATUAL ONDA DE VIOLÊNCIA NO FUTEBOL, NÃO É DO ESPORTE, É DO BRASIL. MAS DIVERSOS PERSONAGENS DO ESPORTE AJUDARAM NA CONSTRUÇÃO. “O RATO PARIU A MONTANHA”

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A violência no futebol brasileiro sempre existiu. O futebol não  é um mundo apartado…

Por Wanderley Parizotto

…está dentro da  sociedade brasileira, que é violenta; tragédias já aconteceram, mortes  etc.

Porém, o que chama a atenção na escalada da violência deste ano, é o número de casos com enorme virulência. Não são simples protestos, são atentados à vida.

Os objetivos dos protestos são agredir fisicamente, ferir, matar e não protestar.

MANCHETES

“Goleiro Cássio, do Corinthians, é ameaçado de morte. Camisa 12 recebeu as ameaças por áudio e fotos através do personal trainer de sua esposa; Timão divulgou nota oficial” – R7

Goleiro Cássio em treino pelo Corinthians
Goleiro Cássio em treino pelo Corinthians RODRIGO COCA / AGÊNCIA CORINTHIANS

“Jogadores do Flamengo são hostilizados na porta no Ninho do Urubu” – RJN

“Torcedores do Flamengo protestam na porta do Ninho e dão tapas e socos nos carros dos atletas” – GE

Caixões com as fotos de Diego e Diego Alves, do Flamengo — Foto: Gustavo Rotstein
Caixões com as fotos de Diego e Diego Alves, do Flamengo — na porta do centro de treinamento – 08/abril – Foto: Gustavo Rotstein

“Torcedor do São Paulo entra com faca na semifinal da Copinha e tenta agredir jogador do Palmeiras” – R7

Para piorar, logo na sequência, um jogador do Palmeiras encontrou uma faca caída na grande área, onde ocorreu a confusão, e a entregou à arbitragem.
imagem da faca

“Torcedor do Palmeiras morre baleado durante confusão em SP após final do Mundial

Torcedores que tentaram salvá-lo reclamam da demora para a chegada do socorro” – R7

Ronaldo Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo
O homem foi baleado após o Palmeiras perder Mundial. (Ronaldo Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Levantamento do Estadão registrou 15 casos de violência no futebol brasileiro neste início de ano, entre ônibus atacadosinvasões de campo e brigas entre torcedores dentro e fora dos estádios. É um episódio a cada quatro dias. As cenas lamentáveis fizeram o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, e o atacante Willian, do Corinthians, se posicionarem nos últimos dias cobrando medidas das autoridades.

Goleiro Cássio em treino pelo Corinthians
Abel Ferreira – técnico do Palmeiras – divulgação

“Hoje entrei aqui nessa coletiva de imprensa, me disseram que tinha havido uma rixa num jogo, inclusive, acho que morreu uma pessoa. É preciso morrer quantas mais? Os organismos, quer sejam os do futebol, quer sejam extra-futebol, têm de assumir, dar as caras, exercer os cargos que têm. Têm de justificar o cargo que têm. Quando eu não ganho, pedem responsabilidades. Isso é o que espero que cada pessoa em seu cargo faça, assuma responsabilidades. Pelo bem do futebol brasileiro. De todos nós. Que se junte a CBF, quem organiza estaduais, o Ministério Público, mas que se tomem medidas”, disse Abel Ferreira, que já trabalhou em Portugal e Grécia.

Em pelo menos quatro episódios de violência neste ano, os jogadores foram as vítimas diretas da agressão. Os ônibus das delegações de Grêmio e Bahia sofreram com atentados em que dois jogadores foram atingidos. No clube gaúcho, o atentado gerou um traumatismo craniano no paraguaio Villasanti. No caso da equipe baiana, o goleiro Danilo Fernandes ficou ferido pelos estilhaços e precisou passar por um procedimento no olho.

Villassanti sendo socorrido – reprodução

No fim de fevereiro, a torcida do Paraná invadiu o gramado aos 40 minutos do segundo tempo e agrediu os jogadores. O resultado rebaixou o time para a segunda divisão do campeonato estadual. Na súmula da partida, o árbitro Leonardo Ferreira Lima informou que, ao conversar com o comandante da Polícia Militar, Marcos Roberto, o oficial contou que “não teria condições de garantir a segurança para o prosseguimento da partida”.

O Brasil, desde 2018, está envolto em uma atmosfera densa de intolerância e ódio. O presidente da república e seus seguidores, que são muitos, nutrem diariamente a ideia de banir todos aqueles que pensam diferente deles. Armas, xingamentos, mentiras, agressões foram incorporadas à rotina do brasileiro, em todos os lugares.

No caso do futebol, infelizmente, diversos jogadores e clubes aderiram a este movimento. Jogadores famosos faziam o gesto de “arma atirando”, marca de Bolsonaro, quando entravam em campo ou comemoravam um gol. E faziam porque sabiam que a imagem estava sendo vista por milhões de brasileiras e brasileiros pela televisão ou internet.

Clubes de futebol receberam Bolsonaro e comitiva, sem nenhum constrangimento, durante treinos e jogos. E sempre, diretores, técnicos e principais jogadores, batiam literalmente continência para o ex capitão e faziam a “arminha atirando”, com as mãos. 

Felipe Melo e Bolsonaro
Jogador Felipe Melo, apoio aberto ao presidente (Reprodução/Instagram)
Bolsonaro em treino do Flamengo, no auge da pandemia, todos rindo e sem máscaras.

 

Diego Souza, ex jogador do São Paulo, fazendo campanha para Bolsonaro em 2018
Jair Bolsonaro e Neymar
Postagem de Neymar em suas redes sociais

Pois bem, diversos jogadores, técnicos e clubes de futebol, ajudaram a alimentar o ódio, a intolerância  e a violência. Agora provam na  pele as consequências do que fizeram. “O rato pariu a montanha”. 

  • Imagem de abertura  de Miguel Rebelo

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