Por: Wanderley Parizotto
Mesmo com 8% da população morando em favelas, com mais de 20 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, quase metade da população com insegurança alimentar, mais de 200 mil moradores de rua, cerca de 15 milhões de desempregados, 25 milhões trabalhando na informalidade, 5 milhões de desalentados, 20% de jovens que não trabalham e não estudam, um país que envelhece em velocidade gigantesca, a profissão de assistente social é pouco vista e valorizada.
Ao longo de 2018, discuti o envelhecimento populacional brasileiro com mais de 5 mil jovens em escolas do ensino médio público, nas periferias da grande São Paulo. Nestas discussões, invariavelmente, a questão sobre qual profissão escolher, qual curso superior optar, sempre apareceu. O que é bastante natural para quem está cursando o ensino médio. A angústia da incerteza nessa fase da vida é muito grande. Embora não fosse esse o tema central da conversa, debatíamos. Os cursos mais falados pelos alunos eram engenharia, medicina, tecnologia, economia, direito e outros. Perguntava: Serviço social não está no radar? Não, porque ninguém sabia ao certo quais as funções deste profissional.
A maioria achava que o profissional da área se dedicava à caridade. Embora economista, tentava explicar, com todas as minhas limitações, quais as funções reais e importantes de um assistente social. O interesse pela carreira era despertado em diversos alunos.
O país tem pouco mais de 200 mil profissionais da área, é muito pouco pelas demandas sociais existentes. A maioria é muito mal remunerado.
O Brasil não entende a relevância do profissional de serviço social e precisa, urgentemente, olhar para a profissão.
O assistente social desempenha um dos mais importantes papéis na construção de políticas públicas que objetivem diminuir a desigualdade social.
Sua participação é fundamental na elaboração e execução de projetos que melhorem o bem estar social.
O assistente social não faz caridade. Pelo contrário, trabalha para que a sociedade precise menos de caridade e seja assistida por políticas permanentes de inclusão social.
Este profissional trabalha para garantir à sociedade o acesso à educação, saúde, alimentação, moradia, emprego e outros direitos fundamentais do cidadão.
Por meio de políticas públicas e sociais, ele contribui para o bem-estar físico, psicológico e social das pessoas em situação de vulnerabilidade e fragilidade.
Ele contribui decisivamente na construção da cidadania plena.
A profissão é fascinante, não só pela sua importância social como pela grande amplitude de atuação.