ADEUS DEPRESSÃO: “Me tornei motorista de aplicativo aos 65 anos, me livrei dos antidepressivos e estou muito feliz com a vida que tenho”

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Samaritana Libório deu uma guinada na vida ao se tornar motorista de aplicativo.
PortalPlenaGente+ – Ana Claudia Vargas
A história de Samaritana é igual a de milhares de pessoas: como muitas mulheres,  ela estava vivendo uma fase difícil após os 60 anos, sem trabalho e sem ânimo. E esta falta de perspectiva acabou levando ao surgimento de uma doença cada vez mais comum atualmente: a depressão. Mas ela não se aceitava viver daquela forma e deu uma virada em sua rotina, conforme conta no depoimento que você acompanha a seguir: 
Imagem – arquivo pessoal
“Meu nome é  Samaritana Libório Sérvolo, hoje tenho 66 anos e sou motorista de de aplicativo. Me tornei motorista de aplicativo por conta de uma depressão que eu tive, que me levou a ser colocada em um quarto, deitada em cima de uma cama, tomando remédio tarja preta pra dormir. Hoje penso que como meu  corpo estava descansado durante o dia, não que eu dormisse, mas estava descansado durante o dia,  à noite não tinha sono. Então, tinha aquelas insônias, comecei a tomar esses remédios , comia muitas guloseimas, porque a gente só vive beliscando quando está depressiva, não é? É inacreditável, é uma ansiedade fora do normal!
Samaritana dirigindo pelas ruas da capital paulista. Imagem – arquivo pessoal
Foi aí que  resolvi dar uma virada na minha vida, achei que aquilo para mim não estava legal, não estava bom, eu não estava me sentindo bem naquele quadro.
Eu nunca fui assim, então não me aceitava daquela forma. Pensando em como sair daquela fase, falei ” vou trabalhar”. Mas trabalhar em quê? Com 65 anos de idade na época, já havia trabalhado em outros empregos sim, mas fazia um bom tempo que não atuava mais no campo de trabalho de antes.  Foi então que pensei ” a única coisa que eu faço, gosto de fazer e sei que na minha idade ninguém vai se opor, é dirigir”. Como sempre dirigi em São Paulo, o que  eu fiz? Fui fazer meu cadastro para ser motorista de aplicativo da plataforma Uber.  E o que aconteceu a partir daí ? Me libertei da depressão, porque com  o ritmo de trabalho diário, meu corpo cansou, minha mente cansou e, à noite, eu já não tomava mais remédios para dormir. Então, a partir dessa atitude,  eu fui me libertando, conhecendo pessoas, ouvindo histórias, são tantas histórias, e ali eu falei ” meu Deus, como é bom a gente fazer alguma coisa, se sentir útil”.
Uma paradinha para abastecer e enfrentar os preconceitos de cabeça erguida! _ imagem arquivo pessoal
Tudo estava ótimo, mas a reação da minha família foi assim “agora ela endoidou de vez” (risos). Porque minha família, como a maioria das pessoas, foi preconceituosa e deve ter pensado  “como pode uma pessoa com 65 anos, idosa, ir para um campo que só tem jovem”. E sim, a  maioria dos motoristas de aplicativo é  mesmo jovem, é difícil pensar em uma pessoa idosa ali. Até porque no conceito da sociedade, o idoso vira  uma sucata, não presta mais para nada. Só que nós não temos que pensar assim não, idoso tem experiência de vida, idoso tem garra, idoso pode e foi pensando assim que eu fui para esse campo de trabalho. Hoje já tem um ano que trabalho  como motorista de aplicativo e estou feliz da vida! Preconceito sim, tem, eu sinto o preconceito até dos passageiros, pois quando veem que é uma senhora, eles cancelam a corrida. Tenho sim, algumas negativas, entendeu? Mas não são tantas, dá para enfrentar, dá para ir em frente, dá para a gente lutar, batalhar, porque afinal de contas, nós não estamos inválidos,  o idoso não é inválido. O idoso precisa de uma oportunidade para se sentir útil, o idoso parado dentro de casa morre mais cedo, isso é fato, então nós temos que ir para o campo de trabalho. A gente tem que fazer alguma coisa, procurar alguma coisa que a gente possa e consiga fazer e dar o melhor de si.
E olha, no que eu faço, eu dou o melhor de mim, amo o que eu faço, adoro conversar com os meus passageiros, ali eu viro psicóloga, eu choro com o passageiro, eu abraço o passageiro, eu levo para o pronto-socorro, para o hospital. Olha já vivi várias  situações como essas, sei do que estou falando.  O que mais posso dizer? Hoje estou  bem feliz, ganhando meu dinheirinho, e olha, espero ajudar muito quem precisa de um ânimo, de se animar, e quero deixar um recado pra você que está numa fase ruim, se sentindo inútil:  vira a vida, vira a página, vai pra cima, faz alguma coisa, porque nós não  somos inválidos! Nós, idosos, não somos inválidos! Eu espero ajudar muita gente com o meu depoimento, se inspirem e vão para o campo de trabalho, vão fazer a vida, vão se sentir úteis! Nós temos que nos sentir úteis! Todos os dias eu enfrento muito machismo, homens que olham para mim no trânsito, veem que sou motorista de aplicativo, porque tá lá o celular pendurado ali na nossa cara, ali, né? Então, eles olham, tipo assim ” o que essa velha tá fazendo aí, né?”  Mas olha, eu vou falar uma coisa para você, a velha paga o carro dela, a velha paga os cartões de crédito dela e se sente muito realizada, orgulhosa e satisfeita com a vida que construiu!”

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