A inflação medida pelo IPCA, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, bate recordes
Por: Wanderley Parizotto
A inflação medida pelo IPCA ( Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) bateu recorde em fevereiro, com alta de 1,01%. É a maior variação no mês desde 2015, segundo dados do IBGE.
O acumulado em 12 meses chegou a 10,54%, colocando o país no triste posto de ter uma das maiores inflações do mundo, ficando atrás da Venezuela, Argentina, Turquia e Estônia.
O índice foi puxado principalmente pelos preços de alimentos, combustíveis e gastos com educação. O mega aumento de preços de combustíveis divulgado ontem, 10, ainda não se refletiu na inflação, isto ocorrerá a partir deste mês.
O recorde da inflação reflete o fracasso total da política ANTIINFLACIONÁRIA do Governo.
Os recorrentes aumentos da taxa básica de juros (SELIC), promovidos pelo governo para combater a inflação, formam um erro grotesco, a não ser que sejam feitos para beneficiar o mercado financeiro ( e isto é bem possível).
Contudo, inflação não é a doença e, sim, sintoma. É a ‘febre’ causada pela infecção. A inflação significa redução de poder compra, isto é, o ‘real’ passa a valer menos. Com a mesma quantia de dinheiro, o que era possível ser comprado ainda ontem, agora não é mais…
Ela é causada por desajuste na economia e este desajuste pode ter diversas causas.
A mais normal: economia crescendo muito, situação de pleno emprego, procura por produtos e serviços superiores à oferta dos mesmos, causando aumento de preços, gerando inflação. Neste caso o ‘remédio’ indicado é reduzir a atividade econômica aumentando juros.
Mas este não é, atualmente, o caso do Brasil, pois nossa economia não cresce. O crescimento do PIB em 2021 ( 4,6%) simplesmente repôs o decréscimo ocorrido em 2020 ( 3,9%). Isto é, o crescimento econômico do país foi quase zero. O desemprego é enorme e o consumidor só está comprando o necessário, quando consegue.
Estamos vivendo o que se chama de estagflação, economia estagnada e inflação alta.
Neste quadro, aumentar os juros serve para realimentar a inflação e não para combatê-la.
A atual inflação brasileira é consequência da desarticulação de setores econômicos ( em razão da crise), da taxa de câmbio (valor do dólar, muito elevado), do aumento dos combustíveis e energia ocorridos em 2021.
Não adianta aumentar juros. Pelo contrário. A cada 1% que a SELIC sobe, a dívida pública brasileira cresce R$ 60 bilhões ao ano ( quem ganha é o mercado financeiro), bem como onera os custos das empresas, causando aumento de preços de produtos e serviços e gerando mais inflação.
O combate da inflação passa por rever a política de preços da Petrobrás, redução do valor do dólar e voltar a crescer. Não há outro caminho, a taxa de câmbio está alta em razão da insegurança política e econômica que os senhores Jair e Guedes colocaram o país. O preço do dólar está alto, porque diante das incertezas, quem pode se protege comprando a moeda americana. Como tem mais procura por dólar do que a oferta, seu preço sobe.
Para o país voltar a crescer, de forma consistente, precisa haver investimentos públicos. Bons investimentos. Em infraestrutura, fontes de energia, habitação, escolas/educação e etc. O país precisa de muita coisa. Somente o investimento público dinamizará a economia, atrairá investimentos privados e reduzirá o desemprego. Isso faz parte da história mundial. Não há outro caminho.
Claro que esta análise é bem simplificada. Mas reflete a realidade. Aumentar juros, neste momento, significa aumentar a pobreza e enriquecer ainda mais os bancos.
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