Um novo amor aos 70 anos? Sim, por que não? Conheça a história de Liça e Luiz

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Liça e Luiz se conheceram por um site de relacionamento e estão casados há 11 anos.

A psicóloga Liça Bonfim, 84, acreditava que não viveria romance tão cedo após perder o marido, com quem viveu um casamento de 32 anos. No entanto, depois de 14 anos de viuvez, ela conheceu um novo amor aos 70, o engenheiro Luiz Rocha, 92 — e tudo por intermédio da internet.

Os dois se casaram quando Liça tinha 71 anos e Luiz, 79. A história de amor do casal já completou 13 anos — e eles garantem que ainda há muitas páginas para serem escritas neste romance.

Como tudo começou

Viúvos, os dois se conheceram pela internet. Luiz havia vivido um casamento de 52 anos. Com a morte da mulher, ele diz ter se sentido sozinho e querendo conhecer novas pessoas. Ele se inscreveu no site ParPerfeito e ali encontrou Liça, por quem se encantou.

No perfil dela dizia que buscava um torcedor do São Paulo, eu não ligo para futebol, mas quando vi isso me tornei são-paulino na hora. No entanto, não preenchia outros requisitos, como altura e idade, mas me arrisquei mesmo assim: ‘se tivesse um ano de vida a menos e um centímetro a mais, me candidataria’, escrevi.
Luiz Rocha

Por intermédio da filha, ela decidiu se aventurar em encontros às cegas. Luiz até brinca que, no começo, namorava a enteada porque era ela quem respondia às mensagens.  “Estava numa boa porque não passava pela minha cabeça que eu fosse ter outro romance. Até que minha filha disse: uma pessoa tão cheia de vida não pode ficar parada assim. Aí, ela apareceu com um laptop na mão para fazer o meu perfil no site. Não sabia nada de computador. Só usava ele para jogar paciência”, conta Liça.

Liça queria viver aventuras, mas Luiz procurava um novo amor. Antes de sair com o atual marido pela primeira vez, a psicóloga diz que foi a sete encontros durante 9 meses. Para Luiz, no entanto, Liça foi a primeira — e única.

“Aceitava todos que me chamassem, queria conhecer os homens. Quando o Luiz apareceu, achei muito legal o jeito dele de escrever, de se aproximar de mim. (…) Depois, ele me contou que era palhaço uma vez por semana em um hospital e aí ele me ganhou, fiquei encantada. Liça Bomfim” 

O primeiro encontro

Os dois conversaram durante 15 dias até finalmente se conhecerem. Primeiro foi pelo site, depois por e-mail e então começaram as ligações, quase todos os dias.

“Falávamos das doenças que tínhamos, da parte econômica, de tudo. Parece que já estávamos nos preparando para casar”, lembra ela.

No encontro, Luiz já convidou Liça para um motel. A psicóloga relembra que ele foi até a casa dela para buscá-la e apareceu com um botão de rosa vermelho, o que chamou atenção dela.

“Ele sabia que eu gostava de comida francesa e me levou em um restaurante dessa especialidade. Jantamos e, assim que saímos de lá, ele ‘sacanamente’ me chamou para continuar o encontro em um motel. No perfil dele estava escrito ‘satisfaço todas suas fantasias’. Fiquei me perguntando: meu Deus! Que homem é esse? Ele dizia que estava na fase cafajeste. Liça Bomfim”

Liça recusou o convite — mas cinco dias depois viajaram juntos. O casal decidiu passar o fim de semana em uma pousada em Piedade (SP), em meio à natureza.

“Minhas filhas chiaram porque estava indo rápido. Eu quase desisti, mas ele disse que era a primeira vez que ficaríamos juntos e queria que tudo fosse especial. Então falei: vamos! Disse para minhas filhas: se eu não aparecer dentro de dois dias, chamem a polícia. Fui e ele pagou tudo.”

Durante o fim de semana, os dois dizem ter sentido uma grande conexão. Luiz revela que se chocou com as coincidências.

“Parecia que nos conhecíamos de outra vida. Alguns meses depois os meus dois filhos pediram a mão dela em casamento para as duas filhas dela. E então nos casamos.  Luiz Rocha” 

No começo, Liça hesitou em aceitar uma proposta de casamento. Ela diz que não queria ter que retomar a fazer tarefas domésticas em dobro.

“Não queria porque depois sobra tudo para a gente: lavar cueca, meia, fazer comida. Não queria isso. Já tinha me casado, já sabia como era, queria testar outro padrão de vida, queria namorar, ser independente. Só concordei com uma condição: que cada um ficasse na sua própria casa. Liça Bomfim”

Mas um problema de saúde fez com que os planos mudassem. Liça teve que operar o joelho e precisava de ajuda no período de recuperação. Luiz não pensou duas vezes em prestar apoio.

“Aí ele foi tomar conta de mim e nessa não saiu mais. Ele foi de mala e cuia.  Liça Bomfim”

“Esteja atenta as coisas que te aparecem na vida, para o inesperado. Muita gente fala do medo de algo não dar certo, de não querer fazer nada, mas às vezes está jogando fora tanta coisa positiva que pode viver. Vamos tentar. O inesperado é muito gostoso de acontecer. Minha história de amor foi um desses casos inesperados. Vamos dar chance à vida. Liça Bomfim” (Arquivo Pessoal)

O amor na terceira idade

Amar depois dos 70 é quase o mesmo que em outra idade. Tanto Liça quanto Luiz acreditam que as emoções sentidas são as mesmas que de quando eram mais jovens.

“O tesão, o nervosismo dos primeiros encontros, aquelas cócegas apaixonadas… é a mesma coisa. Senti aos 70 o que senti aos 16, aos 20, aos 30. Não tem só uma chance na vida. Você pode ter um amor de adolescente, mocidade, diversos amores. E a tua vida só acaba quando morrer. Até lá, você tá vivo para curtir.” 
Liça Bomfim”

A diferença, segundo eles, é que agora podem curtir mais a vida. Atualmente, eles continuam morando juntos, mas agora no apartamento de Luiz.

“No primeiro casamento existem milhões de preocupações: vamos ter filhos ou não, como vamos comprar uma casa, um carro. É uma construção difícil. Agora, não. Somos dois velhos, com filhos crescidos, então não tem mais isso. É curtir a vida.
Liça Bomfim” 

Apesar da vida a dois ser cativante, Liça diz que vê ainda muito preconceito na sociedade. Foi até por ter vivido descriminações que ela se inspirou para escrever o livro “Os Velhos Também Amam”, uma coletânea de contos sobre o tema, publicado em 2019. Ela planeja lançar um novo livro, ainda este ano.

“A sexualidade do velho é um mito para a sociedade. Tudo é feio quando é velho. Espera-se que o velho ‘se comporte como velho’. Lembro que a minha mãe, depois que completou 50 anos, só usava cinza, preto, bege, porque uma velha não poderia se vestir com roupas coloridas. No médico, se vou com minha filha, ele fala olhando para ela, e não para mim, como se eu fosse uma gagá e não entendesse. É um preconceito constante.” Liça Bonfim.

Casal acredita que história de amor foi ‘inesperada’

“Não desista e dê chance à vida’. Esse é o conselho do casal para quem está à procura de um novo amor — independentemente da idade”.

Se você ainda tem amor para dar, não desista. Insista. Pode entrar na internet. Seja claro, verdadeiro e você vai achar quem você procura.
Luiz Rocha

Esteja atenta as coisas que te aparecem na vida, para o inesperado. Muita gente fala do medo de algo não dar certo, de não querer fazer nada, mas às vezes está jogando fora tanta coisa positiva que pode viver. Vamos tentar. O inesperado é muito gostoso de acontecer. Minha história de amor foi um desses casos inesperados. Vamos dar chance à vida.
Liça Bomfim

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