Mulheres negras e periféricas recebem apoio psicológico em São Paulo com projeto idealizado pelo Instituto Cactus e Casa de Marias

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A iniciativa, que começa os atendimentos em agosto, visa oferecer assistência de saúde mental a grupos de mulheres em situação de vulnerabilidade.

Buscando oferecer acolhimento psicológico emergencial* para mulheres negras, indígenas e/ou periféricas em situação de vulnerabilidade; chamar a atenção para a demanda urgente de se olhar a saúde mental de mulheres e possibilitar novas práticas de cuidado em saúde mental,  o Instituto Cactus em parceria com Casa de Marias desenvolveu um projeto social de acolhimento e assistência durante a pandemia. Realizado de forma remota no país inteiro, o projeto promove um espaço de escuta e acolhimento, com uma equipe qualificada de psicoterapeutas para receber mulheres que precisam de cuidados psicológicos.

A iniciativa dedica atenção especial às questões que envolvem classe, gênero, raça e território. Para isso, oferece atendimentos psicológicos individuais e em grupo.

“Nosso espaço nasceu para ser mesmo uma casa, para criar raízes, para ser oásis em tempos difíceis. A Casa de Marias é, acima de tudo, um espaço de resistência. E, por isso, a nossa missão é cuidar, escutar e acolher. Promover processos terapêuticos e curativos não só dentro dos nossos consultórios, mas fora deles também”, reforça Ana Carolina Barros Silva, Coordenadora Geral da Casa de Marias.

Falar sobre saúde mental, promover ações e prevenção é uma necessidade pública, que deve envolver o engajamento de diversos setores, em especial do governo, academia e da própria sociedade civil. Nesse sentido, o objetivo do Instituto Cactus e da Casa de Marias com esse projeto é chamar a atenção para a necessidade de se pensar em projetos de saúde mental segmentadas, realizar o acolhimento de mulheres em situação de vulnerabilidade e, ainda, gerar insumos para validar o quanto este tipo de escuta emergencial, principalmente a feita em grupos de apoio em um formato inovador, como uma modalidade que pode ser institucionalizada e replicada em contextos de urgência.

Mas por que focar em mulheres?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a determinação do gênero na diferença que mulheres e homens têm sobre o poder e o controle dos determinantes socioeconômicos em suas vidas, posição social e forma de tratamento na sociedade. Além disso, enfatiza que o gênero determina diferentes suscetibilidades e exposições a riscos específicos para a saúde mental.

Para além de fatores sociais, de empregabilidade, de recursos e disponibilidade financeira, agendas dos filhos, da casa e falta de perspectivas, as mulheres podem vivenciar diversos transtornos mentais associados ao esgotamento emocional.

A crise provocada pela pandemia de Covid-19 agravou muito esse cenário. Com a perda da renda e o aumento da desigualdade, os efeitos da crise socioeconômica na saúde mental são ainda piores para as pessoas em situação de vulnerabilidade. Com o isolamento social, a disparidade de gênero, a violência doméstica e a sobrecarga das mulheres aumentaram ao mesmo tempo em que as redes de suporte diminuíram, uma vez que muitas vítimas ficaram confinadas com seus agressores sem possibilidade de ajuda externa. Todos esses fatores favorecem a prevalência de doenças mentais nas mulheres, por isso precisamos cuidar desse público com ainda mais urgência.

“Enquanto houver preconceitos e vieses subjetivos não combatidos e desmistificados, o atendimento à saúde mental feminina, especialmente de mulheres negras e periféricas, sempre será insuficiente e enviesado. Por isso, é necessário termos políticas mais focadas nos problemas de saúde mental da mulher, tanto individual quanto estruturalmente, assim como o fortalecimento de outras instituições e projetos de acolhimento que possam reforçar o olhar intersetorial da saúde mental”, afirma Maria Fernanda Resende Quartiero, Diretora Presidente do Instituto Cactus.

Sobre o Instituto Cactus e a Casa de Marias

O Instituto Cactus é uma organização sem fins lucrativos que trabalha para a prevenção e a promoção da saúde mental no Brasil, através da geração de conhecimento e evidências, identificação e multiplicação de boas práticas, incidência em políticas públicas, articulação de ecossistemas e conscientização da sociedade sobre o tema.

A Casa de Marias é um espaço de acolhimento e apoio psicológico para mulheres em sofrimento mental ou que necessitam de cuidados específicos, composta por um corpo clínico de mulheres, em sua maioria, negras e periféricas.

* O projeto é coordenado por quatro psicólogas. O grupo de acolhimento emergencial será liderado pela psicóloga Camila Generoso (CRP 06/82630). Psicóloga e psicopedagoga, possui especialização em Desenvolvimento Infantil e aprimoramento em Psicanálise da Criança pela PUC-SP; e pela psicóloga Deisy Pessoa (CRP 06/157161), graduada em Psicologia com ênfase Clínica e Saúde Pública, com atuação na Atenção Psicossocial, trabalhando com a comunidade local do Capão Redondo em ações de inclusão de diversidades nas atividades artísticas terapêuticas oferecidas pelo CECCO. O plantão psicológico é liderado pela psicóloga Eneida de Paula (CRP 06/135390), psicóloga formada pela FMU, com especialização em Psicologia e Relações Raciais – Instituto AMMA Psique e Negritude e em Técnica de Estresse Pós-Traumático segundo Modelo Francine Shapiro – EMDR; e pela psicóloga Lucila Xavier (CRP 06/141984), psicóloga formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com experiência de 5 anos como Acompanhante Terapêutica de crianças e adolescentes com TEA e estágios nas áreas de psicologia jurídica e clínica. Atualmente em formação no curso teórico vivencial de Psicologia e Relações Raciais do Instituto AMMA.

COMO PARTICIPAR

As vagas são ofertadas em duas modalidades: os grupos de acolhimento emergenciais e os plantões de emergência, sendo disponibilizadas 40 vagas por mês nos grupos de acolhimento emergenciais abertos, com um encontro semanal com 10 vagas por semana, e até 8 vagas por mês de plantão psicológico ou triagem emergencial, realizando de 1 a 2 atendimentos por semana.

A primeira modalidade, o plantão psicológico para mulheres em situação de vulnerabilidade, é importante para acolher e compreender demandas pontuais e emergenciais. O plantão, nessa estruturação de serviço, funcionará como uma porta de entrada para outras modalidades de atendimento, com encaminhamentos para o trabalho terapêutico individual ou de grupo, quando necessário.

Já os grupos abertos de acolhimento emergencial, a segunda modalidade do projeto, uma equipe de três profissionais (duas psicoterapeutas e uma supervisora) irá conduzir um grupo rotativo de acolhimento, com frequência semanal, com no máximo dez participantes. Este grupo será constantemente aberto e poderia acolher diversos perfis diferentes de pacientes, e permite maior flexibilidade de adesão e continuidade por parte das mulheres atendidas.

Para se inscrever no plantão psicológico entre em contato através do Whats App 11 95851-3330 para fazer a inscrição, e verifique a disponibilidade para atendimento em até 24h. As vagas são abertas de acordo com a disponibilidade de agendamento. Para se inscrever no grupo de acolhimento emergencial aberto entre em contato através do mesmo canal e verifique a disponibilidade de vagas para o próximo encontro. As vagas para o grupo reabrem toda segunda-feira e permanecem abertas até uma hora antes do encontro, na quarta-feira.
De agosto a janeiro de 2022, a equipe da Casa de Marias vai acolher, de forma completamente gratuita, até 288 mulheres maiores de 18 anos nos serviços de atendimento psicológico por meio de canais e/ou ferramentas adequadas para cada mulher atendida. O público alvo do projeto são mulheres negras, indígenas e/ou periféricas de todo o Brasil e será conduzido pelas profissionais da Casa de Marias, coordenada por um grupo de mulheres negras que atuam com olhar especial para as questões que envolvem classe, gênero, raça e território nas práticas de cuidado oferecidas.
fonte: assessoria de imprensa/imagens – divulgação

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