Quarentena faz ligar alerta sobre violência contra o idoso

Para psicanalista especializada em bem-estar do idoso, Eloah Mestieri, casos de violência não se baseiam somente nas agressões físicas

 O isolamento social se tornou uma realidade para a maioria da população, incluindo os idosos, que estão no chamado “grupo de risco”. Tal confinamento, tem levado especialistas a ligarem o sinal de alerta para que pessoas da chamada ‘terceira idade’, principalmente, os ‘super idosos’, com idade acima de 75 anos, não sofram  violência dentro de suas própria casas.

Somente em 2019, segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o número de denúncias sobre a violência contra os idosos aumentou 13% em relação ao ano anterior. No entanto, de acordo com Eloah Mestieri, psicanalista e especialista em bem-estar nesta fase da vida, há outras formas de violências que acometem pessoas desta faixa etária que passam desapercebidas até mesmo pelos familiares e cuidadores.

Violência psicológica

“Quando falamos em violência contra o idoso, a primeira coisa que pensamos é na violência física. Mas a principal violência contra essa população é a violência psicológica”, explica Eloah. Dentre os exemplos, a psicanalista cita a negligência por parte dos cuidados e familiares: “Negligência é deixar o idoso mal alimentado, sujo, sem tomar os remédios na hora certa. Às vezes o cuidador recebe o remédio e não dá os remédios, chega lá e a cartela está cheia. Isso é horrível”, completa.

Violência financeira

Eloah também acredita que as pessoas que dependem financeiramente dos idosos são mais propensas a cometer certos abusos contra eles. “Hoje, há o tal do empréstimo consignado, que é cruel para essa população. Os familiares, muitas vezes, pegam os documentos do idoso, fazem o empréstimo e somem com o dinheiro, deixando, ainda, o idoso endividado”, conta a especialista.

Violência velada

Quando outras pessoas moram com o idoso e tiram a sua autonomia, impedindo-o de fazer qualquer coisa, isso também pode ser considerado uma agressão. “O idoso quer participar. É a mesma coisa que a infantilização – parece que a pessoa está sendo carinhosa, mas é um tipo de violência. Você está tirando a autonomia do idoso, o que é fundamental para ele. Quanto mais ele tiver, melhor ele viverá”, elucida a psicanalista.

Mas o que poderia ser feito para que o idoso tenha uma melhor qualidade de vida? A psicanalista destaca a importância do atendimento psicológico. “É importantíssimo o atendimento psicológico do idoso, de todas as idades. Ao longo da vida, ele tem perdas – perde mãe, pai, amigo ou filhos; perde seu papel na sociedade. É necessário que ele tenha esse apoio psicológico, que pode ser on-line ou presencial”.

Para quem não tem condições financeiras de obter atendimento com um especialista, Eloah aconselha que a família repare nos sinais que o idoso costuma dar quando está sofrendo algum tipo de violência.

“Veja se ele não está com os pulsos machucados, se está sujo ou mal-cuidado. É importante observar a postura do idoso quando está na presença do cuidador, se fica muito quieto e submisso. Qualquer percepção de abuso deve ser denunciado ao disque 100 (Disque Direito Humanos)”, finaliza a especialista.

Eloah Mestieri é psicanalista clínica integrativa, especializada no bem-estar na terceira idade. Tem formação também em PNL (Programação Neurolinguística), Nova Medicina Germânica, Bioalinhamento, Constelação Sistêmica e Análise Transacional. 

fonte – assessoria de imprensa/foto pixabay

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