Temos de pensar de forma inovadora agora. Entender a mudança demográfica, envelhecemos muito e rápido. Caso o país não desperte agora, viverá num pesadelo eterno. E o Brasil 6.0 poderá ser só 0, enterrando mais uma vez uma enorme oportunidade de desenvolvimento e bem estar social.
Wanderley Parizotto**
Atualmente cerca de 42 milhões de brasileiros estão desempregados, subempregados ou, simplesmente, desistiram de procurar emprego.
Um a cada quatro jovens (25%), pessoas entre 18 e 24 anos, não consegue trabalhar.
Contudo, caso a economia melhore, parte deste drama será suavizado, mas não resolvido.
Entre os mais velhos, pessoas com mais de 50 anos, mesmo que a economia brasileira venha a crescer muito, a tragédia persistirá.
Nos últimos cinco anos, a taxa de desemprego dobrou nesta fatia da população.
As razões são muitas, mas podem ser resumidas em poucos pontos:
– Enorme preconceito etário. Mais da metade dos brasileiros com mais de 50 anos que tentam voltar ao mercado de trabalho não conseguem, qualificados ou não. Quando concorrem a uma vaga, preenchendo todos os quesitos exigidos, normalmente são preteridos por um jovem. São taxados de desatualizados tecnologicamente, mas isso nem sempre é verdade. Aliás, cada vez mais esta afirmação torna-se uma falácia. É preconceito mesmo, desperdiçando experiências, conhecimento acumulado e a riquíssima troca de pensamento entre gerações (que quando ocorre 1 + 1 o resultado é sempre maior que 2).
– As faltas de treinamento, discussão e capacitação continuada: condições que afetam todas as faixas etárias.
– Inexistência de políticas públicas para a questão. Não se trata de criar uma ‘bolsa velhice’, mas de estimular políticas de ensino, distribuição de renda e emancipação do cidadão. Levar a discussão para as escolas, entidades, instituições e onde for possível. Criar políticas e ambientes que estimulem o empreendedorismo.
A terceira idade consome R$ 1,3 trilhão ao ano, aproximadamente, 30% do mercado, e representa 15% da população.
Em 2060 será a maior parte da população. Precisará estar trabalhando, quem puder e quiser, claro. Independente das questões previdenciárias e sim, para gerar renda e manter a produtividade.
Do ponto de vista estatístico, dada a evolução da expectativa de vida ( tempo de vida esperada ao nascer), muito em breve, passaremos dos 120 anos.
Pois, como será o Brasil em 2060 quando a maior parte da população será de velhos e não haverá empregos? O mercado consumidor será reduzido brutalmente.
A arrecadação de impostos cairá, os custos com saúde subirão e as deficiências da malha pública, para atender as necessidades, serão muito maiores do que hoje.
Temos de pensar de forma inovadora agora. Entender a mudança demográfica, envelhecemos muito e rápido. Nos últimos 30 anos envelhecemos o que a França demorou 150 anos.
Perceber que as profissões morrem e nascem a uma velocidade louca. Que a evolução tecnológica nos obriga a pensar abertamente e sem preconceitos. O que é verdade agora poderá não ser mais em minutos. A tecnologia avançou mais nos últimos 20 anos do que nos últimos 200.
O Estado necessita compreender que as demandas por serviços públicos mudarão em poucos anos. E precisa se preparar para isso.
As empresas têm que encarar esta mudança demográfica acelerada.
Caso o país não desperte agora, viverá num pesadelo eterno. E o Brasil 6.0 poderá ser só 0, enterrando mais uma vez uma enorme oportunidade de desenvolvimento e bem estar social.
** Economista, criador do Portal Plena.