No drama do Alzheimer, as reminiscências da memória persistem

Além de achar importantíssimo discutir o envelhecimento populacional brasileiro, o fato de meu pai, Walter Fortunato Parizotto, ter envelhecido de forma muito ruim, me levou ao Portal Plena e agora também ao debate do assunto em escolas e empresas.

Wanderley Parizotto

Meu pai foi virtuoso desenhista. Projetava máquinas de papel. Tornou-se referência no assunto, tendo estudado somente até o quarto ano primário.

Quando se aposentou não entendeu que ali se iniciava nova etapa da vida. E que, sendo assim, esta deveria ser produtiva sob todos os ângulos, tal qual fora até aquela data.

Mas meu pai entregou-se à morte, ou melhor, deixou de viver.  Isso ocorreu há 30 anos.

Só que a morte, até agora, não o achou.

Tendo deixado de lado o cérebro, não dialogando com ele, não cuidando dele diariamente, o cérebro, a certa altura se encheu, sentiu-se abandonado e foi embora.

O seu Walter, ou Waltão como é conhecido, vive sem seu cérebro há 20 anos, aproximadamente.

Como esses desentendimentos entre cérebro e corpo são irreconciliáveis, ambos nunca mais se encontraram. Briga feia mesmo, um não pode ver o outro.

Mas ele ainda sabe desenhar uma máquina de papel. Infelizmente, hoje vive em uma clínica.

Exercitar o cérebro diariamente, produzindo, lendo, escrevendo, conversando ou brincando é a única forma de mantê-lo por perto.

Não brigue com seu cérebro, cuide bem dele.

Jandaia: patrocinador do Portal Plena e do Projeto Plena na Escola

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