Será possível falar em Felicidade em tempos de Pandemia?

Dia 20 de março foi o Dia Internacional da Felicidade, só que neste ano em especial, será possível pensar nisto?
Aline da Silva Freitas**

 O mundo está convivendo com uma questão de saúde pública nova e avassaladora, a pandemia decorrente do COVID-19. É no mínimo um momento de muitas dúvidas, perdas, mudanças de rotinas e tentativas das mais variadas de impedir o avanço desta doença.
Na China, foco inicial da pandemia, após inúmeras ações governamentais e sociais conseguiu-se este resultado e em alguns outros países, apesar do número de casos diagnosticados, não há mortes.
Porém, na Itália, o cenário é de isolamento de todas as pessoas e muitos óbitos… os números são alarmantes.
Há que se falar em felicidade? A vida é uma dádiva e parece estar sob ameaça, mais de quatorze mil pessoas morreram. Há como falar em Felicidade?
As pessoas estão, em regra, com muito medo. Há que se falar em felicidade? Sim, com ressalvas, pois devemos acolher a dor e o que está presente em todo esse cenário, só que também pensar nos caminhos que se abrem e na esperança que deve ser forte neste e em todo momento.

Por exemplo, a China, assim que conseguiu minorar os danos da pandemia em seu país, enviou profissionais e suprimentos médicos para a Itália. Isso não apaga o que houve e que segue acontecendo pelo mundo, só que é um alento. Um alento de que solidariedade, compaixão e empatia estão presentes em nossa essência. Trata-se de humanidade.

A pandemia nos convida ao exercício de verdadeira Cidadania Global, a repensar costumes e hábitos, a rever prioridades e a nos posicionarmos diante de desafios novos e isso nos colocará mais próximos de uma felicidade social. Decisões de impacto político, econômico e social estão sendo tomadas em uma velocidade inimaginável há poucos meses e certamente vão reverberar no período pós-pandemia.

A busca pela efetividade do Direito à Saúde faz com que esforços incomensuráveis sejam tomados. Saúde é questão de vida… e está evidente a interdependência dos Direitos Humanos, cada direito importa, cada vida conta… a luta pela vida está nos reaproximando ou nos aproximando ainda mais.

As estatísticas apontam quanto dinheiro já foi investido no combate à pandemia, só que o incomensurável passa por outros indicadores também: o trabalho grandioso de profissionais da saúde, de pesquisadores, de gestores políticos e, como não poderia deixar de ser, por todos e cada um de nós membros da sociedade global. Sim, o comportamento de cada ser neste momento conta.

Sejamos nós fonte de solidariedade, empatia, compaixão e serenidade… certamente isso nos gerará bem-estar e felicidade, talvez não afaste toda a preocupação e receio do que pode vir a acontecer, mas nos ajudará a sermos mais resilientes, sendo a resiliência a melhor companheira da felicidade.

No Dia Internacional da Felicidade, bem como em qualquer outra data, temos de ser realistas e reconhecer que felicidade não é constante, mas que tal, além de nos cuidarmos segundo os padrões orientados internacionalmente, emanarmos positividade e esperança de que vai passar? Acreditemos.

**Aline da Silva Freitas é professora de Direito Público da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas.

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