EMPREENDER NÃO É FÁCIL EM QUALQUER IDADE. MITOS E VERDADES

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  1. Wanderley Parizotto – Economista

Como empreender virou febre, e isso é bom, vamos discutir aqui diversos aspectos sobre o tema.

Sempre sem criar ilusões, tendo somente dados e a realidade como pano de fundo.

Hoje falaremos sobre alguns mitos criados e como tais, nem sempre verdades.

Em tempos de dificuldades agudas econômicas, brotam “coaches”, palestrantes motivacionais e outros que apresentam caminhos mágicos, caracterizando o empreendedor de sucesso como sendo um ser especial:– persistente, hiper-motivado , resiliente, cai e se levanta, apaixonado por uma ideia, determinado e etc. São ditas e repetidas frases prontas e clichês: ” Ressignificar a vida, pensar fora da caixinha, reinventar-se”.

Tudo isso é importante, mas não suficiente. Aliás, muito cuidado e muito filtro com tais mensagens e palestras.

Historicamente, 60% das micro e pequenas empresas abertas no Brasil, não chegam ao quinto ano de vida ( IBGE). 

58% das 11 milhões de MEIs existentes no país,  não conseguiram pagar os impostos nos últimos 12 meses, que giram em torno de R$ 50,00 mensais.

Em momentos de forte crise de empregos, como hoje, quando quase 15% da população economicamente ativa não tem emprego e, aproximadamente, 30 milhões de brasileiros estão ou na informalidade ou subutilizados,  a tendência ao empreendedorismo por necessidade e não por vocação aumenta bastante, criando, também, uma tendência também maior à mortandade de empresas recém nascidas, por falta de experiência e preparo do empreendedor. 
No primeiro ano da pandemia da Covid, cerca de um milhão de empresas brasileiras fecharam suas portas, na grande maioria micro e pequenas. Será que foi somente o coronavírus que as matou?
Ressalta-se que empreender em momentos de prosperidade já não é fácil, em situações de crise as dificuldades se potencializam.
Cabe a seguinte indagação?
Será que tantas empresas morrem em razão do negócio ser ruim por si? Necessariamente não. A observação empírica mostra que via de regra uma empresa nasce a partir da verificação de uma oportunidade, de uma necessidade, isto é, o empreendedor percebe que há cliente para o produto ou serviço que deseja oferecer. 
Grande número de empresas aparecem natimortas já na concepção do empreendimento, deixando-as muito vulneráveis a qualquer intempérie. 
 
É na concepção da empresa que se apresenta o primeiro grande  obstáculo, a construção do negócio. Há clientes? Sim. Quantos (potencial de mercado)? Onde estão e como chegar até eles, quem são os concorrentes e como atuam? Tudo isso é marketing.  Quanto de capital o novo negócio demandará para sua implantação e maturação até andar com as próprias pernas (fluxo de caixa descontado)? Se o empreendedor não tem todo o capital onde encontrar fontes de investimento? Qual a cadeia de impostos, onde há crédito ou débito? Qual empresa abrir? Mei, Micro, Pequena e etc.? Qual o tempo de retorno do capital investido?Qual será a rentabilidade do novo negócio?  Todas essas etapas formam um plano de negócios (business plan).
É necessário procurar ajuda para discutir e elaborar um bom plano. Não ajuda motivacional, mas técnica.
Superada esta fase, e se for construída corretamente, as chances de sucesso do negócio serão maiores, sem dúvida. Porém a vida do empreendedor, mesmo fazendo tudo acima com todos os critérios técnicos, não será uma mansidão. Em qualquer atividade humana, poucas variáveis são passíveis de total controle. A grande maioria das variáveis das nossas vidas não estão sob nosso controle. No caso de um negócio, diversos eventos podem ocorrer de maneira a afetá-lo profundamente. Uma crise econômica, mudança de impostos ou legislação, novos entrantes mais capitalizados e/ou preparados e outros. 
Quanto menor for o  empresário maior a sua solidão. Raramente tem algum profissional para discutir suas decisões, e/ou falar sobre suas impressões sobre o seu próprio negócio e o futuro dele (planejamento estratégico). Não é raro também, um empresário bem sucedido até um determinado momento se considerar infalível e deixar de perceber seus erros. De não entender que o modelo de negócios que o trouxe até  ali com sucesso não o levará por muito tempo na mesma trilha próspera.
Isso tudo não é para desanimar o empreendedor, mas para chamar sua atenção para aspectos mais importantes do que a pura auto motivação.
Para empreender é fundamental se preparar e ter a plena consciência de que aprender todo dia é tão importante quanto o capital de giro.
Antes de qualquer decisão mais importante é preciso discutir muito, analisar todos os aspectos, positivos e negativos, estudar profundamente a questão, sem perder agilidade. Ter humildade para procurar ajuda é sinal de maturidade de um empreendedor.
Até a próxima.

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