Clube de Leitura 6.0 – projeto confirma os vários benefícios que este hábito proporciona…

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A cada semana o PortalPlena conversará com um participante : a primeira entrevistada é a advogada Ângela Maria Grijo Queiroz Martins, moradora da capital paulista.

 

A aposentada Mônica Maria Siqueira Lopes, de 61 anos, moradora de
São José dos Campos (SP), entrou no Clube de Leitura 6.0 em agosto de
2020, quando os 119 grupos de leitura virtual já estavam a todo vapor.

Queria conhecer, sem nenhuma pretensão, e hoje relata inúmeros benefícios que a
leitura literária e os encontros semanais promoveram em relação a sua saúde
mental e intelectual durante a pandemia.

“Nesse período de convivência grupal, nós lemos nada menos que 40 obras. E confesso que nunca tive acesso a tantos títulos e tantas possibilidades de leitura”, observa, ao se referir a
biblioteca digital com mais de 30.000 e-books que todos os envolvidos têm
acesso.


Entusiasmada, Mônica faz questão de citar alguns autores escolhidos
desde a sua entrada no clube. “Nós lemos Machado de Assis, Gabriel Garcia
Marques, Eduardo Galeano, Clarice Lispector, entre tantas opções”, enumera.
“E destaco que esse é um projeto de excelência e de uma incrível
responsabilidade social, porque estimula o nosso senso crítico, o poder de
análise e a capacidade de uma reflexão condizente com a nossa realidade”,
destaca.

As histórias pessoais são incríveis, como a da blogueira Vovó Neusa, de
91 anos, do Clube de Leitura Pedro Bandeira, que lê três livros ao mesmo
tempo, ou de Maria Olinda Volpe do Clube Capitu, de 78 anos, que não deixa
de passar batom nos dias de encontro virtual; ou, ainda, de Edmea, de 80, que
escreve poemas, além de participar das rodas de leitura. Outro bom exemplo é
o clube da Associação SOS Família São Geraldo, de Guarulhos (SP), que
começou com encontros presenciais no início de 2020 e, com a chegada da
pandemia, migrou com sucesso para os virtuais. Formado por 14 pessoas,
esse grupo acaba de ler o 32º título e as obras seguem sempre os mesmos
gêneros, que são infantojuvenis e poemas, mais compatíveis com o perfil
desses idosos. Nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) não é
diferente. Um livro infantojuvenil, um conto, uma fábula aquecem os encontros
semanais de sete instituições em várias regiões do estado de São Paulo. No
município de Araraquara, por exemplo, onde foram implantados dois clubes
dessa natureza, as leituras e contação de histórias acontecem através de um
telão. A mediadora de leitura e biblioterapeuta Maria Aparecida Pardini, que
atua com esses grupos, explica que ali é um trabalho diferente, porque o
público é diferente e tem limitações, o que permite usar recursos lúdicos, como
brinquedos, bonecas e música.

“Os idosos têm sempre uma história para contar sobre aquela música, o
texto, o brinquedo, e acabam entrando em situações importantes de sua vida”,
comenta. Maria Aparecida lembra que tudo rende uma história e que, além da
leitura, é preciso dar um tempo para as conversas e memórias. É importante
destacar que muitos desses leitores institucionalizados não são alfabetizados ou já apresentam dificuldade para ler. Mesmo assim, em quase um ano e meio
de projeto, eles leram através da voz da mediadora mais de 50 livros.

 

Clube de leitura virtual de Angela Grijó.


A verdade é que 1.352 leitores de 26 cidades paulistas estão vivendo
com mais otimismo e socialização, enfrentando a sensação de insegurança, vulnerabilidade e solidão que acomete, principalmente, as pessoas mais velhas durante o período de isolamento social e restrição de circulação.

Para Galeno Amorim, presidente do Observatório do Livro, fundação de direito privado que
criou e implantou o projeto, “em tempos tão difíceis como os atuais, a leitura
literária e os encontros virtuais têm feito a diferença na vida desses idosos,
ajudando a manter a esperança”.

O Portal Plena entrevistou alguns participantes do Clube de Leitura 60+, para entender os benefícios percebidos pela leitura.

Ângela Maria Grijó Queiroz Martins, de São Paulo Capital,71 anos, advogada é a primeira entrevistada

1- A leitura é importante estímulo cognitivo ao cérebro. Após sua entrada no clube de leitura, você percebeu mudanças na sua memória?

“Eu acho que melhorou a minha memória. Sempre gostei de ler, mas com o Clube e com o fato de ter prazo para começar a discussão, melhorou muito meu nível de leitura. E também aprendi a ler com outros olhos.

Angela Grijó ( foto – arquivo pessoal)

2 – Quais são os principais benefícios percebidos por você após sua entrada no clube?

A qualidade da leitura proporciona novos conhecimentos. Eu, por exemplo, melhorei muito nas áreas de Geografia e Política. Tenho me interessado mais. Até meus filhos comentam.

3- Já tinha o hábito da leitura?

Sempre gostei de ler, mas com o clube é diferente. Os outros participantes estimulam a gente e isso me acrescentou muito.

4 – A leitura transformou sua vida?

Eu acho que de certa forma transformou, principalmente em relação ao meu comportamento na pandemia. Eu estava muito desanimada. Agora, não. Eu sei que tenho esse compromisso todo semana.

5- Quais são seus autores preferidos?

Rubens Alves, Lima Barreto, Chimamanda Ngozi Adichie,  Machado de Assis ( ‘O alienista’ é igual a nossa situação no Brasil agora).

Semanalmente publicaremos as outra entrevistas, acompanhe.

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