Armamentismo: o ovo da serpente foi chocado

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Como jurou durante a campanha eleitoral, em 2018, o então candidato escancarou o país para o armamentismo

Gilvandro Filho* – Jornalistas pela Democracia

Aconteceu o esperado e o governo autoritário que tomou o Brasil de assalto, armou os seus pares.

Como jurou durante a campanha eleitoral, em 2018, o então candidato escancarou o país para o armamentismo. A bordo de um dos mais poderosos lobbies de que se tem notícia, o governo armou os seus, de olho em uma verdadeira guerra civil, sonho acalentado pelo então candidato a presidente da República e pelos fabricantes de armamento, seus patrocinadores históricos. A promessa de eliminação física dos adversários, sobretudo os petistas e os comunistas, não era figura de retórica, vê-se.

Nesses quatro anos de governo, fiel ao seu bando de ensandecidos eleitores, publicou cerca de 30 decretos e atos normativos facilitando a vida da indústria de armas.

Através de flexibilizações injustificadas, foi possível à categoria Caçador, Atirador Esportivo e Colecionador (CAC) dispor de um número de armas que supera o total utilizado pelas Polícias Militares. Dados do Sistema Nacional de Armas (SINARM) e do Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (SIGMA) trazem números assustadores. O arsenal atualmente em poder dos CACs, por exemplo, perfazem 648.731 armas.

As PMs detém, em todo o país, pouco mais de 583 mil armas.

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Com vantagem para as pessoas físicas que, no “cúmulo da liberdade”, podem ter em casa armas que, até pouco tempo, eram privativas das Forças Armadas. O governo já pode por em prática a sua guerra particular.

 

A flexibilização da venda de armas começou, principalmente, a partir de maio de 2019 e não parou mais. Nem a pandemia conseguiu frear o ânimo de quem acha que a chave para a paz e a segurança é o chamado “cidadão de bem” ter armas em casa. Pelo contrário, dados históricos relacionam sempre o crescimento do número de homicídios a períodos de corrida armamentista em nosso país.

Segundo o Atlas da Violência 2021 – produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e em parceria com o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) -, o Brasil vive hoje o paraíso dos homicidas, com ênfase aos casos de feminicídio.

O surgimento de potenciais “serial killers”, como o policial federal que a TV mostrou, neste domingo, e que disparou 11 tiros matando um homem numa lanchonete, em Curitiba, tem, sim, a ver com a explosão da venda de armas.

Assim como o crescimento do número de brabões de arma na cinta e licença de “caçadores” e “atiradores esportivos” na carteira, querendo resolver as coisas na bala. Esse tipo de gente defende essa tese criminosa porque são incentivados pelo governo e sua condescendente política armamentista.

E tudo isso tem responsável direto. É o esquema genocida oficial que liberou a venda desbragada de armas e munições, cumprindo promessa de uma campanha criminosa cujo símbolo era uma “arminha” feita com a mão.

Gracinha difundida por eleitores que, hoje, são tão culpados quanto o governo que elegeram.

*Gilvandro Filho

Jornalista e compositor, com passagem por veículos como o Jornal do Commercio (PE) e as sucursais de O Globo, Jornal do Brasil e Abril/Veja. Teve colunas no JC, onde foi editor de Política e Informática, além de Gerente Executivo do portal do Sistema JC. Foi comentarista político da TV Globo NE e correspondente da Rádio Suíça Internacional no Recife. Pelo JC, ganhou 3 Prêmios Esso. Como publicitário e assessor, atuou em diversas campanhas políticas, desde 1982. Foi secretário municipal de Comunicação. Como escritor tem dois livros publicados: “Bodas de Frevo”, com a trajetória do grupo musical Quinteto Violado; e “Onde Está Meu Filho?”, em coautoria, com a saga da família de Fernando Santa Cruz, preso e desaparecido político desde 1973. Como compositor tem dois CDs autorais e possui gravações em outros 27 CDs, além de um acervo de mais de 360 canções com mais de 40 músicos parceiros.

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