Brasil, mostra a tua verdadeira ‘cara’!

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A representatividade da diversidade brasileira como ela é ainda não está refletida no universo corporativo, nas campanhas publicitárias, nos programas de TV …

*Por Marcia Barreto, Head da UinStock e UinHub, do Grupo Talento Incluir

O Brasil é o país mais populoso da América do Sul e o sexto mais populoso do mundo. Segundo o IBGE, nossa população é superior a 213 milhões de habitantes. Mas de que forma a diversidade da gigante população brasileira tem sido representada em campanhas publicitárias, fotos e vídeos e, principalmente, como está refletida nos quadros de colaboradores das empresas, nas suas comunicações, nos seus produtos e serviços?

Um estudo realizado pela OLDIVERSITY, com o intuito de medir o impacto da diversidade para as marcas e negócios, apontou que, entre os entrevistados, 70% acreditam que as empresas e marcas devem integrar o tema diversidade. Isso ainda precisa avançar.

A representatividade da diversidade brasileira como ela é ainda não está refletida no universo corporativo, nas campanhas publicitárias, nos programas de TV etc. Um levantamento do Instituto Locomotiva de 2017, já apontava que 76% dos brasileiros entrevistados na pesquisa, afirmavam que as propagandas deveriam representar melhor a diversidade da população nacional e seus vários marcadores sociais – grupos que sofrem opressões por preconceito e discriminação – como negros, mulheres, público LGBTQIAP+, indígenas, pessoas com deficiência entre outros.

Para cada ‘marcador social’ há uma ‘enxurrada’ de pesquisas e estudos que escancaram a falta de representatividade dessa população em diversos meios. O mundo do trabalho reflete este cenário. Segundo pesquisa do IPEA de 2021, sem muitos recortes sobre os marcadores sociais, 65,1% dos cargos de nível superior eram ocupados por pessoas brancas nas empresas brasileiras. Já pretos e pardos preenchiam 27,3% dessas vagas. Trabalhadores pretos ganham 40,2% menos do que brancos por hora trabalhada. Isso tudo no país onde as pessoas pretas representam a maioria da população (54%).

Sobre as pessoas com deficiência, de acordo com dados do Ministério do Trabalho, cerca de 50% das empresas brasileiras ainda nem cumprem a Lei de Cotas para inclusão dos profissionais com deficiência. O último relatório divulgado pelo IBGE com dados de 2019 informa que a taxa de participação das pessoas com deficiência no mercado de trabalho quando foi realizada a pesquisa era de apenas 28,3% — índice muito menor do que o de pessoas sem deficiências, que era de 66,3%. A cada 10 pessoas com deficiência que buscavam emprego, 7 estavam desempregadas. Segundo o Censo do IBGE de 2010, as pessoas com deficiência representavam 45% da população. Porém, novo dado divulgado pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), feita pelo próprio IBGE em 2019, divulgou como oficial uma população de 17,3 milhões de pessoas com deficiência no país, o que representa 8,4% do total da população.

A representatividade também é uma questão no grupo dos profissionais maduros. O país já ultrapassou os 54,8 milhões de pessoas acima dos 50 anos. São mais de 28 milhões de idosos (acima de 60 anos). A expectativa é que esse número dobre de tamanho nas próximas décadas, de acordo com as estatísticas do IBGE (2018). Em 2050, o Brasil será o 6º país com a maior população idosa do mundo, na frente de outros países desenvolvidos.

Pela primeira vez na nossa história, a população com mais de 60 anos, é maior que a de até 5 anos. Em 2030, teremos mais idosos do que pessoas com até 14 anos. Estamos vivendo mais e o mercado de trabalho precisa se preparar para dar continuidade à jornada de trabalho desse profissional, o que contribui para a sua longevidade.

Ainda temos a diversidade regional da população brasileira e seus recortes e o público LGBTQIAP+. Todos eles precisam e devem ser considerados como consumidores, como força de trabalho produtiva, como cidadãos, que também movimentam a economia do país .Ainda com dados da pesquisa da DIVERSITY, 60% dos participantes indicam que não consomem marcas com comportamentos preconceituosos. Esse é um recado para as empresas sobre a necessidade urgente de aumentar a representatividade da nossa população diversa em seus produtos, serviços e processos e em todas as etapas. Porque a representatividade só acontece de fato quando as pessoas diversas participam de toda a concepção de um trabalho, desde a ideação até o produto final.

“A cara do Brasil”, tanto nas campanhas publicitárias, nos filmes, na TV, nas empresas, ainda é bem diferente daquela que os dados comprovam existir. A diversidade brasileira quer se reconhecer nas comunicações. O ‘Brasil da TV’, da propaganda, do mundo do trabalho não é o mesmo pontuado nas estatísticas . Os retratos da nossa diversidade precisam estar comprometidos em trazer a real brasilidade, e com ambientação verdadeiramente brasileira.

Para isso, recorrer aos bancos de imagens da diversidade, que retratam a realidade da diversidade da população brasileira, com modelos reais, tem sido um bom caminho para aumentar a representatividade nos meios de comunicação. Esse cuidado, é uma ação afirmativa importante que colabora muito para o aumento da inclusão.

Imagens “fake”, feitas com modelos que “imitam” pessoas com deficiência (o chamado “cripface”) ou que utilizam personagens não reais para retratar qualquer outro grupo, além de não representar a realidade, contribui para a exclusão ainda mais.

É inegável que o tema Inclusão e Diversidade vem avançando e que ainda temos muito a aprender para construir caminhos mais justos possíveis. Já sabemos que a inclusão da diversidade vai além da contratação. É preciso que seja feita de forma produtiva nas empresas e na sociedade como um todo. Agora, é preciso retratar essa diversidade com mais verdade para que o resultado da inclusão gere pertencimento, representatividade e que mostre a real ‘cara do brasileiro’.

imagem abertura freepick

** Sobre Marcia Barreto

Marcia Barreto é head das áreas de negócios da empresa: UinStock — primeiro banco digital e nacional para a produção e venda de imagens de diversidade da população brasileira pouco representada e UinHub, o primeiro marketplace voltado às pessoas com deficiência. 

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