COHOUSING _ Live que ocorre nesta quarta (11/05) debate o tema e esclarece dúvidas

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Artigo a seguir esclarece vários pontos sobre o que são as ‘moradias compartilhadas’ ou cohousings. 

Edgar Werblowsky

O que é o cohousing?
O cohousing é um modelo de moradia e vida que combina a privacidade que valorizamos com a comunidade que ansiamos. É exatamente neste binômio privacidade-comunidade que repousa sua maior força e o
diferencial em relação outros tipos de moradia.

Por que o cohousing?
Com o envelhecimento da população e a separação das famílias surge a necessidade de se encontrar formas de moradia que propiciem qualidade de vida para a terceira
etapa da vida. Não seria errado dizer que muito mais do que uma alternativa de moradia o cohousing é uma proposta de vida. Por isso mesmo é essencial que as pessoas que aderirem a determinado grupo conheçam a missão e os valores do grupo e avaliem se são compatíveis com o que esperam. O Brasil tem um potencial enorme e uma necessidade imperativa de soluções de moradia e vida para as pessoas que envelhecem. 

 

Quais são os tipos de cohousing?
Os cohousings podem ser urbanos, suburbanos e rurais em termos de localização. Eles podem ser multigeracionais ou seniores quanto à composição etária de seus membros.

Onde nasceu o cohousing?
O cohousing nasceu na Dinamarca nos anos 1970 e foi logo se espalhando pela Europa do norte. Em seguida este conceito inovador de moradia atravessou o Atlântico e chegou aos Estados Unidos através do arquiteto Charles Durrett, que passou vários anos estudando essas comunidades na Dinamarca.
Por que está crescendo o interesse e a busca por cohousings no Brasil?
O envelhecimento da população, com seu consequente isolamento e solidão tem levado à busca de soluções de moradia e vida mais satisfatórias, ainda não contempladas pela sociedade em geral.  O cohousing, modelo de moradia onde as pessoas convivem entre si, criam laços de cooperação e apoio mútuo, surge como uma
das melhores respostas para esses problemas.

Qual a diferença entre um cohousing e um condomínio?
No condomínio o foco está na individualidade absoluta representada pela casa ou pelo apartamento. Normalmente as pessoas pouco se conhecem e não há proposta ativa de
uma vida comunitária. O cohousing, por outro lado, se baseia em dois pilares fundamentais: privacidade e comunidade. Cada pessoa tem sua casa ou apartamento
como no condomínio, o que garante a privacidade. Mas o cohousing tem algo maior: uma comunidade. Esta comunidade é deliberadamente criada através de reuniões
normalmente conduzidas por um facilitador, onde vão se formando subgrupos que cuidarão de todos os aspectos da vida em comunidade, como jardinagem e paisagismo; programação social e cultural entre outras atividades. 
Diferentemente de qualquer outro modelo de moradia, notadamente dos condomínios, o cohousing é uma comunidade intencional onde todos têm uma voz. E
diferentemente das organizações a que estamos acostumados, onde existem sistemas hierárquicos, diretorias, etc. o cohousing é uma comunidade horizontal e autogovernada. 
Qual a diferença entre um cohousing e um coliving ?
No cohousing cada pessoa tem sua casa ou apartamento; no coliving as pessoas moram todas juntas na mesma casa, cada uma com seu quarto.
Qual a importância do cohousing para a saúde integral?
Estudos internacionais como os de Harvard e os das Blue Zones – os hotspots de longevidade no planeta – entre vários outros, têm mostrado que o fator mais importante para a manutenção da saúde e do bem estar, quando envelhecemos, está em nossas conexões humanas de apoio e confiança, o que traduzido de outra maneira,
chamaríamos de amigos. Ou seja, conviver próximo a pessoas que se apoiam mutuamente faz a grande diferença para uma vida longa, rica e saudável.

Como nasceu o cohousing no Brasil?
No Brasil o fenômeno é recente. Foi apenas no ano de 2017 que se criou o cohousing Vila Conviver, iniciado por um núcleo de ex-docentes da Unicamp, por conta de sua
aversão ao conceito de vida nas casas de repouso. O grupo de professores foi estudar as melhores alternativas existentes no mundo que proporcionariam as melhores
condições para se envelhecer com qualidade de vida. E a escolha dos doutores da Unicamp recaiu sobre o cohousing como o modelo mais adequado para eles para esta
fase da vida.Embora a Associação Vila Conviver já esteja criada e registrada, ainda não é chegada a hora de se mudar. O processo está agora nos ‘finalmentes’ em termos de projeto, oterreno já foi comprado, e o próximo passo é a sua construção.
Existem cohousings para visitar no Brasil?
Além da Vila Conviver, existem outras iniciativas de cohousing no país, mas elas também estão todas em fase de projeto. Nenhuma foi ainda concluída. O desafio é grande. Pois além de toda a construção física, algo comum para qualquer condomínio, o cohousing pressupõe a “construção social”, a formação do grupo, com todos os seus
acordos de convivência.
Quanto custa comprar uma casa ou apartamento num cohousing?
Levando-se em conta que os cohousings têm uma grande casa comum ou sede e mais algumas instalações coletivas, e ao mesmo tempo as casas ou apartamentos não
precisam ser grandes em função de se haver estas instalações coletivas, pode-se dizer que comprar uma casa ou apartamento num cohousing equivaleria ao que se gastaria para comprar um imóvel convencional. A par disso o preço do cohousing é definido por cada grupo, a partir do padrão desejado pelo grupo para o seu projeto. 
Como começar um cohousing?
O cohousing  normalmente começa através de um pequeno grupo de pessoas, amigos ou não que se reúnem com esse objetivo. É fundamental começar a se definir os
objetivos, os valores e a missão desse cohousing. É um momento em que se deve também aproveitar e estudar as diversas ferramentas e técnicas existentes para a
tomada de decisões pelo grupo.

Quais são os benefícios do cohousing para a saúde?
Quando uma pessoa mora num cohousing ela se torna membro de uma comunidade autogerenciada, vibrante, onde o isolamento e a solidão deixam de existir. As pessoas
podem redescobrir seus talentos e habilidades e desenvolver novas atividades. A vida passa a ganhar um novo sentido. 

Para que tipos de pessoas é indicado um cohousing?
O cohousing é indicado para pessoas que valorizam o conviver com outras pessoas, que desejam participar de uma comunidade, que sabem partilhar e que buscam o
autodesenvolvimento. 
Qual é o tamanho de um cohousing?
As experiências internacionais têm mostrado que os cohousings não devem ser muito pequenos e nem muito grandes. Um cohousing com menos de 15 moradias terá uma pequena amostra da diversidade e complementaridade que tornam ricos os grupos, e os custos serão mais altos. Um cohousing com mais de 35 moradias terá um grupo de
moradores maior do que os grupos com os quais estamos acostumados a conviver, como uma classe de alunos, por exemplo, dificultando o conhecimento e a relação. De modo que a faixa entre 15 e 35 unidades de moradia é a preconizada pelos especialistas internacionais.
Quantas pessoas vivem num cohousing?
A média mundial é de cerca de 1,5 pessoas vivendo em cada casa ou apto. Metade casais, metade singles. Os cohousings têm em média 25 a 60 membros.

Leia aqui outra matéria sobre cohousings que já publicamos por aqui…

Quais são os profissionais que devem ser contratados para formar um cohousing?
O cohousing normalmente se inicia com a formação do grupo a partir de um núcleo central de pessoas, que costuma variar entre 3 e 6 pessoas. São estas pessoas, o
chamado core group, que irá definir os valores centrais, as chamadas cláusulas pétreas, que irão nortear a formação do cohousing. A partir disso começa-se a admissão de mais membros, fase em que é importante um facilitador externo para conduzir as reuniões. Simultaneamente começa a busca do terreno, o que fica a cargo de um subgrupo do grupo maior. Corretores são acionados para auxiliar na busca. A
partir disso um arquiteto com visão e experiência em comunidades, condomínios, acessibilidade, e arquitetura vital, começa a planejar o projeto. E em paralelo são
construídas as bases legais para o empreendimento, com o apoio de um advogado com experiência em comunidades intencionais. Este profissional tanto ajudará o grupo
na definição do formato legal do cohousing, quanto coordenará a construção dosacordos entre os membros, resultando num estatuto.
Como se tomam as decisões no cohousing?
Nas comunidades de cohousing nos EUA os processos decisórios costumavam ser baseados no consenso. Com o passar dos anos verificou-se que o consenso demorava
muito, era pouco eficaz. E aí começou-se a usar a sociocracia, um sistema que se baseia na transparência, na equivalência e na eficácia. Com ele as decisões passaram
do consenso para o consentimento. Hoje em dia a maioria das cerca de 200 comunidades de cohousing nos EUA usa a sociocracia.
Quais são atualmente algumas das iniciativas de cohousing no Brasil ?
Associação Vila Conviver – www.vilaconviver.org.br
Cohousing em Rede – www.cohousingemrede.com.br
Sandra Natalina Tonon – Rio Grande do Sul – sandra.n.tonon@gmail.com
Co-Lares no Mar – Bertioga – https://www.colaresnomar.com
Bem Viver – São Paulo – cohousing.saopaulo@gmail.com
Villa Compartilha – Lagoa Santa – MG
Vilarejo Senior Cohousing – Curitiba

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