Mortes por calor extremo podem aumentar 5 vezes até 2050

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A humanidade está “na direção errada” e precisa de medidas urgentes para evitar efeitos catastróficos da crise climática sobre a saúde das pessoas, alerta Lancet.

Redação

Os avisos de perigo se acumulam, mas o mundo segue ignorando os riscos da mudança climática à saúde e à sobrevivência humana na Terra. A 8ª versão do relatório Lancet Countdown, editado pela principal revista médica científica, The Lancet, mostra que, a despeito dos alertas, caminhamos para um cenário de catástrofes climáticas e de perdas humanas significativas nas próximas décadas.

“A inação climática já está custando vidas e meios de subsistência, com novas projeções globais revelando a grave e crescente ameaça para a saúde de ações tardias contra a mudança do clima. Mas uma ação climática ousada ainda pode oferecer uma salvação para a saúde humana”, destacou a Lancet.

Os números levantados pelo relatório mostram o tamanho do desafio. As mortes relacionadas com o calor de pessoas com mais de 65 anos aumentaram 85% desde os anos 1990. Juntamente com os bebês, esse grupo mais vulnerável está agora exposto ao dobro do número de dias sob ondas de calor do que entre 1986 e 2005. A exposição ao calor extremo e as consequentes perdas de produtividade ou incapacidade de trabalhar podem ter levado a prejuízos na ordem dos 863 bilhões de dólares em 2022.

Se o cenário atual, com aumento de 1,1ºC da temperatura média terrestre em relação ao período pré-industrial, já é complicado, um aquecimento de 2ºC dessa temperatura média deve causar ainda mais problemas. Segundo a Lancet, as mortes relacionadas com o calor podem aumentar quase quintuplicar até meados deste século em um cenário de aquecimento de 2ºC. Até 2041 e 2060, cerca de 525 milhões de pessoas poderão enfrentar insegurança alimentar de moderada a grave em todo o mundo, correndo o risco de desnutrição.

O relatório reitera pontos assinalados em edições anteriores – e que, lamenta, parecem ter sido ignorados pelos governos. O principal deles é a inadequação dos sistemas atuais de saúde pública para lidar com os impactos de eventos climáticos extremos. Isso é mais grave nos países e comunidades mais pobres e vulneráveis, que carecem de atenção pública e seguem à própria sorte.

Outro ponto destacado é o vício das economias em relação aos combustíveis fósseis. Insistir nestas fontes sujas de energia garante alterações climáticas ainda mais radicais e complica os esforços de adaptação. O relatório critica o crescimento dos investimentos em projetos de combustíveis fósseis e o lucro estratosférico das petroleiras no ano passado.

Mas ainda há espaço para ação. “Uma transição justa e equitativa dos combustíveis fósseis para as energias renováveis e a eficiência energética pode reduzir os danos causados à saúde pela pobreza energética, fornecer serviços de apoio à saúde de alta qualidade e prevenir os milhões de mortes que ocorrem anualmente devido à exposição à poluição atmosférica derivada dos combustíveis”, destacou o relatório.

 

 

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