Para pessoas com mais de 50 anos, mesmo Covid-19 “leve” pode resultar em problemas de mobilidade

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Adultos com mais de 50 anos que sofrem de Covid-19 leve ou moderado correm maior risco de piorar a mobilidade.

Rubens de Fraga Júnior**

Mesmo que a hospitalização não seja necessária para tratar o vírus, de acordo com uma nova pesquisa de Dalhousie e outras universidades canadenses, adultos com mais de 50 anos que sofrem de Covid-19 leve ou moderado correm maior risco de piorar a mobilidade.

As descobertas usaram dados do Canadian Longitudinal Study on Aging (CLSA) e destacam a carga de Covid-19 entre adultos de meia-idade e idosos que não são hospitalizados. As informações sugerem que muitos pacientes que tiveram Covid-19 leve têm sintomas persistentes e incômodos.

Os pesquisadores entrevistaram mais de 24 mil pessoas com mais de 50 anos de todo o Canadá durante a fase inicial do lockdown em 2020 para determinar o efeito de um diagnóstico da doença em sua mobilidade. Suas descobertas foram publicadas na revista JAMA Network Open.

A equipe analisou questões de mobilidade, incluindo dificuldade em se levantar de uma cadeira, capacidade de subir e descer escadas sem assistência e caminhar de dois a três quarteirões da vizinhança, bem como mudanças na capacidade dos participantes de se movimentar pela casa, realizar tarefas domésticas e atividade física.

Susan Kirkland, professora de pesquisa de Dalhousie e chefe do Departamento de Saúde Comunitária e Epidemiologia da escola, é coautora do artigo que se acredita ser um dos primeiros a avaliar a associação entre mobilidade e Covid-19 em idosos.

“Descobrimos que mesmo aqueles com doença leve e moderada, experimentaram mudanças adversas na mobilidade em comparação com indivíduos sem Covid-19”, diz Kirkland. E pontua: “Vale a pena notar essas descobertas porque indicam que os efeitos negativos da doença são muito maiores e afetam uma gama mais ampla de idosos do que aqueles que estão hospitalizados”.

 

Duplicar as chances

Os participantes com Covid-19 tiveram quase o dobro das chances de piorar a mobilidade e a função física em comparação com aqueles sem a doença, embora a maioria tenha sintomas leves ou moderados. Dos 2.748 indivíduos com a doença confirmada, provável ou suspeito, 94% não foram hospitalizados.

Indivíduos com Covid-19 confirmado ou provável tiveram o dobro das chances de piorar a capacidade de se envolver em atividades domésticas e participar de atividades físicas do que aqueles sem a doença. Resultados semelhantes foram encontrados para aqueles com suspeita.

“Nossos resultados mostraram que havia um risco maior de problemas de mobilidade em idosos, com renda mais baixa, com três ou mais condições crônicas, baixa atividade física e pior nutrição”, diz Marla Beauchamp, professora assistente da Escola de Reabilitação Ciência na McMaster. “No entanto, esses fatores por si só não explicam os problemas de mobilidade que observamos entre as pessoas com Covid-19. Estratégias de reabilitação precisam ser desenvolvidas para adultos que evitam a hospitalização devido à Covid-19, mas ainda precisam de apoio para restaurar sua mobilidade e função física”.

Os pesquisadores concluíram que é necessário entender melhor os impactos de longo prazo da Covid-19 e considerar “o desenvolvimento e a implementação de abordagens eficazes de intervenção e gerenciamento para lidar com quaisquer déficits persistentes de mobilidade e funcionamento entre os que vivem na comunidade”.

**Por Rubens de Fraga Júnior – professor da disciplina de gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná e é médico especialista em geriatria e gerontologia pela SBGG.

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