Imigração Italiana : Nona Antonia, uma napolitana em São Paulo

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Sueli Blanes Damy
 
 
Depois de uma longa espera pelo navio que a traria para o Brasil, junto com sua família, a jovem napolitana Antonia, então com 12 anos, sonhava que encontraria o paraíso no novo país, pois estava fugindo da seca, da pobreza, da falta de perspectiva que vivia naquele momento em sua terra natal, a Itália do início do século XX. A viagem durou algumas semanas.
Do porto de Santos, após o desembarque,  foram de trem até São Paulo onde foram recebidos na Casa do Imigrante. Dali seguiram para trabalhar em fazenda de cultivo de café na cidade de Pedreira .
Casa da Imigração atual Museu da Imigração na capital paulista.

A vida não foi nada fácil na lida do cultivo de café. O trabalho era árduo e a relação  com o barão do café era difícil, pois este que não sabia a diferença entre o trabalho escravo e o remunerado no trato com os imigrantes. Depois de alguns anos, a família de Antonia mudou-se para São Paulo. Antonia já havia se casada com Pedro, rapaz que conhecera na fazenda.
Na capital, Pedro encontrou emprego em uma  fábrica de vidro e Antonia todos os dias
saía logo cedo da Vila Ipojuca, pertencente ao Bairro da Lapa, onde morava o casal, ia até onde está hoje instalado o CEAGESP  para coletar lenha na mata, voltava carregando a lenha nas costas e vendia nas casas da vizinhança. Nesta época, as famílias usavam fogão a lenha ou uma lata de serragem socada que permitia que os mais pobres cozinhassem e mantivessem o fogo aceso durante  todo o dia.

 

Nona Antonia com um dos netos.

Com o tempo, a chegada dos filhos, a perseverança e concentração no trabalho, o casal comprou um terreno e construiu uma casa com amplas janelas, sala e quartos. Ali também havia um quintal enorme onde Antonia criava galinhas, porcos e cabritos, além de uma pereira e outras árvores  frutíferas. A água era retirada de um poço e a energia elétrica era precária.

Nessas primeiras décadas do século XX, na cidade de São Paulo existia um único grande hospital, a Santa Casa de Misericórdia, o serviço público de saúde era praticamente inexistente. Quando havia alguém doente na família, apelava-se para as benzedeiras ou para o farmacêutico
do bairro.    Há 80 anos, quando foi criada a primeira emissora de televisão no Brasil, o primeiro aparelho que existia estava no bar, da esquina da casa de Antonia, onde os vizinhos se reuniam para assistir a grande novidade. Na farmácia da vila, estava instalado o único telefone.  Se a Nona Antonia, lenhadora e benzedeira, depois de 121 anos, desembarcasse novamente no Porto de Santos e se deparasse com  fogões a gás ou elétrico, microondas, telefone celular, água e luz elétrica dentro de casa à vontade e inúmeras outras modernidades que a tecnologia nos proporciona hoje, o que será que ela diria ??

 

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