Coronavírus: o que cuidadores de idosos precisam saber

A recente epidemia de coronavírus (Covid-19) obriga cuidadores de idosos e demais profissionais de saúde a se informar. Saiba o que é essencial para garantir a segurança de idosos e outras pessoas dependentes, sejam assistidas por um cuidador em domicílio ou em instituições como ILPIs (lares de idosos).

Camila Izabela Oliveira**

A infecção por Coronavírus (Covid-19) não é uma gripe comum. Por isso mesmo, medidas especiais devem ser tomadas por toda a população para evitar a disseminação e o contágio.

É importante citar que, apesar da letalidade mais baixa em relação à outras epidemias recentes, o Coronavírus tem alto potencial de contágio (infecção). Como idosos tendem a ter a imunidade mais baixa que a média da população, é essencial que quem trabalha com eles tomem precauções adicionais.

Embora não hajam orientações específicas para idosos e cuidadores de pessoas com Mal de Alzheimer, Mal de Parkinson e outras síndromes demenciais, é sabido que o idoso com alguma (ou algumas) destas condições pode estar mais sujeito à infecção simplesmente pela dificuldade ou incapacidade em seguir orientações simples.

O cuidador do idoso, então, deve redobrar a atenção com sua própria higiene pessoal, e também com a da pessoa assistida.

As principais formas de contágio incluem levar as mãos à boca, nariz e olhos. Por isso, recomenda-se atenção especial a estes hábitos em qualquer situação.  As orientações abaixo são feitas em caráter geral, ou seja, não substituem orientações específicas médico-paciente.

Cuidados ao chegar da rua para a residência do idoso

  • Cuidador ou familiar: antes de qualquer coisa, deve-se lavar as mãos;
  • Pessoas que façam uso do sistema público de transporte, que venham de aglomerações ou lugares com trânsito intenso de pessoas: recomenda-se não se aproximar do idoso ou entrar em seu cômodo. Tome banho, ou pelo menos lave o rosto e troque de roupa;

Cuidados ao encontrar outras pessoas

  • Evitar beijos e abraços mesmo em pessoas aparentemente saudáveis, pois o vírus pode permanecer incubado e sem sintomas por vários dias;
  • Evitar o tradicional aperto de mãos ou, após fazê-lo, lavar as mãos;
  • Após utilizar um lenço de papel, descarte imediatamente no lixo. Restringir o uso de lenços de pano (reutilizáveis);
  • Evitar contato próximo com qualquer pessoa que apresente sintomas de doenças respiratórias, como tosses, secreções e espirros;
  • Utilize máscara facial enquanto na presença de outras pessoas e cubra o rosto (com o cotovelo flexionado) antes de espirrar ou tossir. Siga as instruções das autoridades de saúde de sua cidade. Mais detalhes sobre o uso de máscaras abaixo;

Sobre as máscaras faciais

  • Não utilizar/reutilizar a máscara por mais de um dia, trocar sempre que aderir sujeira ou secreções;
  • A máscara deve estar apropriadamente ajustada à face para garantir sua eficácia (consulte o manual do fabricante), sob o risco de produzir uma falsa sensação de segurança;
  • Enquanto estiver em uso, evitar tocar na máscara;
  • Remover a máscara usando a técnica apropriada (ou seja, não tocar na frente, mas remover soltando as amarras);
  • Após a remoção, ou sempre que tocar inadvertidamente na máscara usada, lavar as mãos;
  • Descartar imediatamente a máscara após a remoção, não sendo permitido reutilizar máscaras descartáveis;
  • Caso a máscara fique úmida, substituir por uma nova, limpa e seca;
  • É importante citar que não existe a necessidade da pessoa passar o dia inteiro usando a máscara em casa. O uso só é recomendável quando se está em contato com outra pessoa.

Sobre o uso de luvas de procedimentos

Como o próprio nome diz, seu uso é recomendado durante os procedimentos que o cuidador realiza com o idoso.

Cuidados em ambientes e ao manusear objetos

  • Aumente a frequência de limpeza dos ambientes, em especial aqueles nos quais  circulam o idoso e o cuidador;
  • Manter ventilação natural nos ambientes e diminuir o uso de condicionadores de ar (ar condicionado) ao estritamente necessário;
  • Objetos manuseados por idosos, caso estejam em ambientes compartilhados por outras pessoas, também devem ser limpos com maior frequência;
  • Equipamentos como termômetro, esfigmomanômetro (para aferir pressão arterial) e estetoscópio preferencialmente, devem ser de uso exclusivo do paciente. Caso não seja possível, promover a higienização dos mesmos com álcool 70% ou outro desinfetante indicado para este fim imediatamente após o uso;
  • O álcool em gel pode ser um aliado não apenas na manutenção da higiene pessoal, mas por reforçar o hábito da limpeza constante das mãos. Se puder, espalhe frascos deste pelos ambientes;
  • Recomenda-se restringir o acesso de qualquer pessoa que tenham retornado de área de transmissão local de Covid-19 por 14 dias a contar da data de retorno da viagem;

Cuidados na cozinha (com alimentos)

  • Evitar falar sobre os alimentos durante o preparo, em especial os servidos crus ou in natura;
  • Cozinhar bem carnes e ovos;
  • Copos e talheres não devem ser compartilhados. No caso de infecção ou suspeita, a lavagem de talheres precisa ser feita com uma esponja que também não seja usada em outros copos/talheres da casa. A pessoa que for lavar esses itens também precisa usar luvas;
  • Evitar o uso de garrafas de água portáteis (compartilhadas);
  • Saiba mais dicas em nosso artigo sobre segurança alimentar do idoso.

Na lavagem das roupas

Para a roupa comum, não há instruções específicas. Para a roupa do indivíduo diagnosticado com coronavírus, sua manipulação (lavar, passar) deve ser feita em separado das peças do restante da família.

O mesmo vale para peças de cama, toalhas etc.

Tenha um histórico de saúde

Um histórico de saúde confiável ajuda a entender e controlar eventuais casos.

É importante também atualizar a situação vacinal para influenza (gripe) e doença pneumocócica conforme indicação de cada idoso.

Em caso de apresentar sintomas

Os sintomas são semelhantes ao de uma gripe comum acrescidos de febre, dificuldade para respirar, falta de ar, problemas gástricos e diarreia. Em casos graves, pode evoluir para pneumonia, síndrome respiratória aguda e até a morte.

Quem deve procurar o hospital por suspeita de Covid-19?

Quem tiver “síndrome, gripal”, isto é, sintoma respiratório (sendo a tosse o sintoma mais comum) e febre por mais de 24 horas ou dificuldade para respirar, mesmo que sem febre. A “síndrome gripal” pode ser causada pelo novo coronavírus ou pelo vírus da influenza. Não é possível diferenciá-los clinicamente e sim apenas por testes diagnósticos virológicos.

As pessoas com sintomas leves de resfriado ou com “síndrome gripal” devem permanecer em isolamento respiratório domiciliar por 14 dias, mesmo que não possam fazer o exame específico para Covid-19.

Junto ao empregador, no caso de cuidadores de idosos, é necessário apresentar um atestado médico para o abono e recebimento dos dias de afastamento.

Como funciona o isolamento dos infectados

Embora muito se fale sobre o isolamento do infectado, antes de tudo deve-se procurar auxílio de um especialista para avaliar a eficácia da medida.

O ideal é que uma pessoa infectada se mantivesse isolada dos demais até atestar negativo para o vírus, mas na prática isso pode ser inviável. Manter-se a maior parte do tempo em um só cômodo, com alguém fazendo a ponte (o elo) para as outras pessoas e lugares da casa, pode ser uma alternativa nestes casos.

Para o caso em que a pessoa infectada elege um “elo” com o mundo externo, ou naquele em que divide a casa com familiares, todas as pessoas envolvidas precisam testar para o coronavírus caso haja, pelo menos, uma infecção. Reforçamos que não existe a necessidade da pessoa passar o dia inteiro usando a máscara em casa. O uso só é recomendável quando se está em contato com outra pessoa.

Deve-se manter as janelas abertas ou fechadas?

É preferível que as janelas fiquem abertas. Ambientes fechados favorecem a disseminação do vírus.

fonte: ACVida Cuidadores

**Camila Izabela de Oliveira   é formada em Enfermagem e Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade de Brasília (UnB), tem diversos cursos de especialização em atenção primária e gerontologia. O foco de seu trabalho é na qualidade dos cuidados paliativos e na formação de profissionais cuidadores. 

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