DEMISSÕES MAIORES ENTRE OS MAIS VELHOS NA PANDEMIA, EVIDENCIAM PRECONCEITO E IGNORÂNCIA

Por Wanderley Parizotto*

A faixa etária que mais sofreu com demissões no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2019, foi a formada por pessoas mais velhas, segundo dados do Caged, cadastro do Ministério da Economia sobre o emprego formal.

As demissões cresceram mais de 10% no grupo de profissionais com mais de 50 anos desempregando 800 mil pessoas, aproximadamente.

Segundo diversos profissionais de RH, ouvidos pelo Portal Plena, as razões determinantes foram o fato de que fazem parte do grupo de risco na pandemia, possuem maiores salários e estão perto da aposentadoria.

Impressionante a forma negativa e preconceituosa como os mais velhos são vistos pelo mercado e sociedade.

Com relação à proximidade da aposentadoria: se perdeu o emprego, como vai se aposentar? Se já perdeu o emprego em função da idade, quem o empregará?

Os salários são maiores porque trabalham há muito mais tempo, o conhecimento e experiência acumulados valem o ganho maior, na maioria dos casos. Todos os estudos evidenciam isso.

Pertencer ao grupo de risco? Primeiro, a Covid-19 é fatal para pessoas de qualquer idade. É fato que o vírus matou, até agora, muito mais gente com mais de 60 anos, cerca de 70% das mortes, contudo, isso é motivo para demissão?

Todos os motivos apresentados para as demissões indicam claramente como os mais velhos são percebidos pelo resto da sociedade quando são chamados de  “tiazinhas, senhorzinhos, coroas etc.”.

Ou seja, não são percebidos como cidadãos e cidadãs que trabalham ou trabalharam. Que possuem amplo conhecimento nos mais diversos campos da atividade econômica. Que são produtivos. Que seus gastos com consumo representam 22% do PIB.

E que 91% deles contribuem diretamente com o orçamento da família.

  • Economista/foter – AlexProimos

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