O MST E O ESTADO PUTREFATO

O MST tornou-se uma pedra no sapato, um incômodo muito grande, insuportável, para aqueles que entendem que pobre é pobre por falta de esforço, de visão empreendedora, de  trabalho e de outras asneiras

Wanderley Parizotto**

Talvez o MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra -, seja o movimento social mais moderno do mundo, atualmente.  Produz coletivamente alimentos sem agrotóxicos, cria cooperativas, escolas, forma técnicos e constrói habitação para os assentados sem a presença do Estado. 

Produz alimentos para consumo próprio, como também fornece para o mercado. Engendra modelos alternativos de financiamento, sem recorrer ao sistema financeiro tradicional, para financiar sua lavoura e comprar máquinas e equipamentos.  Produz, cria valor e promove justiça social. É o melhor exemplo de que é possível produzir com  equidade social.

O MST é a mais relevante contraposição ao Estado apodrecido, que só enxerga os mais ricos, porque é gerido pelas elites.

O MST tornou-se uma pedra no sapato, um incômodo muito grande, insuportável, para aqueles que entendem que pobre é pobre por falta de esforço, de visão empreendedora, de  trabalho e de outras asneiras. 

Este entendimento não é só do topo da pirâmide de riqueza, mas também de grande parte da classe média. Ambos defendem que a desigualdade social é um fato dado e não construído por  eles.

É por isso que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, cometeu tamanho crime em Campo do Meio-MG, no acampamento Quilombo Campo Grande. Colocou a polícia militar para despejar, a qualquer custo, 450 famílias de uma fazenda abandonada,  improdutiva e que estava  ocupada há mais de 20 anos.
Cenas de extrema violência e covardia. Tanto o governador quanto a PM foram covardes. Aliás, pessoas como Romeu Zema sempre existiram. Só ficaram mais à vontade para praticar suas selvagerias depois da eleição de Bolsonaro.

O que mais contraria e apoquenta o sistema, não é somente ocupação da terra, até porque  está na Constituição de 1988 que a terra tem que cumprir seus objetivos sociais. O que preocupa e gera ódio, de fato, é o modelo de produção que é subversivo, na medida em que subverte o modelo econômico vigente, ajoelhado diante da égide do capital financeiro cujo entendimento de produção é só para matar a fome e atender necessidades básicas, mais nada.

Pobre não precisa se emancipar. Precisa trabalhar e quem, “generosamente”, dá emprego é o capital. E ao pobre resta agradecer ao patrão e a Deus.

** Economista, criador deste portal.

imagem de abertura-foter/bjutideb

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