MÉDICOS, ENFERMEIROS E TÉCNICOS CONTINUAM, DIARIAMENTE, SENDO AGREDIDOS

Como se não bastassem horas e horas de árduo trabalho, o enorme risco de contaminação pelo Covid-19, as precárias condições de trabalho, a falta de equipamentos de proteção individual…

…e, para a maioria dos profissionais, os baixíssimos salários, os profissionais de saúde ainda são agredidos de forma verbal e até fisicamente, por familiares e pacientes ao comunicarem a presença do coronavírus.

Por isso, se você é daqueles que acreditam que a pandemia  não é ‘tudo isso que falam’, que isolamento social é bobagem, que usar máscara é para os ‘fracos’, que cloroquina, enxofre e alho curam os males causados pela Covid-19; que evangélicos não são contaminados pelo coronavírus …

Caso perceba os seguintes sintomas em você ou em algum familiar, não procure um hospital:

Sintomas mais comuns:
febre;
tosse seca;
cansaço.

Sintomas menos comuns:
dores e desconfortos;
dor de garganta;
diarreia;
conjuntivite;
dor de cabeça;
perda de paladar ou olfato;
erupção cutânea na pele ou descoloração dos dedos das mãos ou dos pés.

Sintomas graves:
dificuldade para respirar ou falta de ar;
dor ou pressão no peito;
perda de fala ou movimento.

Porém, saiba que o número de pessoas que estão morrendo em casa este ano, quando comparado ao mesmo período do ano passado, disparou. No Amazonas, por exemplo, o crescimento foi de 140%.
Por que será?
Agora, caso você  resolva procurar um hospital, comporte-se como gente e respeite quem está
tentando salvar sua vida ou a do seu  ente querido .

As imagens retratam os profissionais no final dos plantões hospitalares e evidenciam a rotina de trabalho. A ação faz parte da Campanha “Vocês Estão Fazendo História”, promovida pela Pró-Saúde – créditos: divulgação Pró-Saúde

A carta abaixo dever ser lida e refletida:

‘A doença é a inimiga, não nós’, diz enfermeira agredida em Brasília
Ana Catarine Carneiro, 31 anos, homenageava colegas mortos na pandemia

Sou enfermeira há dez anos e atualmente trabalho na rede pública do Distrito Federal. Não estou na linha de frente contra a Covid-19, mas, na prática, todos nós da área da saúde fomos impactados pela pandemia — seja pelo risco de atender um paciente assintomático, seja pela simples mudança em nossa rotina (horários, protocolos etc.). Além disso, é claro, qualquer um pode ser convocado a prestar serviço numa unidade voltada para o surto. Depois de ouvir relatos chocantes de colegas que estão no combate direto — gente que está cumprindo turnos de doze horas sem tirar a roupa de proteção, pois não teria outra se saísse do hospital para almoçar, ou que passou a usar fraldas para não precisar ir ao banheiro, entre
diversas situações muito impróprias — e, sobretudo, diante da crescente curva de mortes de enfermeiros e médicos em decorrência da doença, aderi à ideia de fazermos, enquanto categoria de trabalho, uma homenagem nas ruas àqueles profissionais que perderam a vida. Afinal, eles não são apenas números. Quando estávamos nos organizando, alguns colegas levantaram a dúvida: “E se nos confrontarem?”. Na hora, argumentei: “Vamos defender a vida; homenagear quem morreu lutando para salvar outras vidas. Quem seria contra uma coisa dessas?”. Infelizmente, os fatos me mostraram que eu estava enganada.
Antes de tudo, é preciso ressaltar que o nosso ato, em Brasília, não foi um protesto. Não estávamos contra nada. Além da homenagem em si e de darmos visibilidade à nossa categoria, queríamos mostrar à população que temos as nossas dificuldades, contudo, estamos do lado dela. Pois bem: seguíamos com a nossa manifestação, pacificamente, quando, de uma hora para outra, surgiu um grupo de pessoas que apoiam o governo federal e começou a nos ofender. Primeiro, com palavrões. A certa altura, um homem decidiu atacar uma colega que estava ao meu lado, filmando tudo com o seu celular. Não consegui mais ficar parada. Entrei na frente dela e me coloquei entre os dois. Esse foi o momento em que ele me empurrou. Até então,mesmo com toda a truculência, nenhum de nós havia reagido.

A partir do momento em que o tal homem encostou em mim, não tínhamos mais como manter o plano. Outras pessoas se aproximaram para afastar os agressores, enquanto eles continuavam gritando. Quero destacar que aquele foi um movimento de força das mulheres. Eu defendi a minha colega e, logo na sequência, quando eu mesma virei o alvo, outras enfermeiras saíram em minha defesa.

É claro que deu vontade de responder a todas as ofensas. No entanto, o resultado seria apenas mais violência. Depois de um tempo, a Polícia Militar chegou para nos defender — e estendemos a manifestação. Se não tivéssemos continuado, ficaríamos com a sensação de que os agressores haviam conseguido o que queriam. Durante o ato, eu sabia que a homenagem era maior que qualquer coisa.
Em casa, de volta, fui dominada por um sentimento de desilusão, de abandono. Como é possível lutar para cuidar das pessoas se parte da população nos agride? Não faz o menor sentido. Recuperei minha força com a quantidade de mensagens de apoio que recebi. Percebi que a violência vem de uma minoria.
Quando vejo, pelo país afora, profissionais de saúde sendo saudados como heróis, entendo e agradeço, pois me sinto homenageada. Essa visão, porém, me preocupa, porque o herói dá conta de tudo. Nós não somos assim. A população precisa ter essa compreensão. Nós a ajudamos, sim, só que precisamos também da ajuda dela.  Isso acontece quando a sociedade segue as orientações de segurança para que a pandemia não avance ainda mais. O número de profissionais de saúde não vai aumentar na mesma proporção em que cresce o número de casos de Covid-19. A quantidade de pacientes tem de ficar no limite de que damos conta. Só assim derrotaremos o novo coronavírus. Ele é o verdadeiro inimigo, e não nós,
enfermeiros e médicos. (Depoimento dado a Jennifer Ann Thomas – Publicado em VEJA de 13 de maio de 2020, edição nº 2686)

A foto de abertura desse artigo faz parte de uma campanha pela valorização dos profissionais da saúde, feita pela Pró -Saúde.  “As imagens retratam os profissionais no final dos plantões hospitalares e evidenciam a rotina de trabalho. A ação faz parte da Campanha “Vocês Estão Fazendo História”, promovida pela Pró-Saúde. Como parte da campanha “Vocês Estão Fazendo História”, voltada para a valorização dos profissionais de Enfermagem, a Pró-Saúde lança uma série fotográfica que revela a rotina de trabalho daqueles que atuam na assistência e no restabelecimento da saúde de pacientes”

Neste link você pode ver as demais fotos da campanha.

“A Pró-Saúde também lançou em seu site institucional, um mural online para que as pessoas possam enviar mensagens de homenagens, agradecimento e apoio aos profissionais que atuam nos hospitais e que, portanto, estão na linha de frente do combate ao novo coronavírus.

Disponível a todas as pessoas com acesso à internet, para deixar o recado no mural da Pró-Saúde é bem simples: basta acessar: https://www.prosaude.org.br/alerta-coronavirus/#mensagens, clicar em “Deixe sua Mensagem”, depois “Escrever uma nova mensagem”, preencher os campos Nome e Mensagem e fazer a sua homenagem”  (fonte assessoria de imprensa/foto de abertura: Pró-Saúde)

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